O projeto desenvolvido por estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo, intitulado Rio Doce: uma proposta de reconstrução pelas águas, está entre os finalistas do Concurso Internacional de Escolas de Arquitetura e Urbanismo da 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo. O concurso recebeu mais de 130 inscrições de instituições de todo o mundo. Desse total, 30 trabalhos foram escolhidos para serem expostos na Bienal e a Ufes é a única instituição de ensino do estado que estará representada.  

As primeiras ideias sobre a participação da Universidade na bienal foram dos professores Lutero Almeida e Karlos Rupf, no final do período letivo de 2024/2, como uma provocação para a turma sobre uma possível contribuição da arquitetura e do urbanismo em um debate multidisciplinar. 

A atual edição do evento vai abordar o papel dessas áreas na reversão das mudanças climáticas, trazendo cinco eixos temáticos que se aproximam da problemática enfrentada pelo Rio Doce: preservar as florestas e reflorestar as cidades; conviver com as águas; reformar mais e construir verde; circular e acessar juntos com energias renováveis; e garantir a justiça climática e a habitação social.

A estudante Thamires Gêja conta que o Rio Doce era uma temática recorrente nos debates e pesquisas acadêmicas e, naturalmente, quando o tema foi sugerido para ser abordado na disciplina com o intuito de participação no concurso, foi muito bem aceito pela turma. “A escolha desse objeto de análise se deu não só pela sua importância dentro do território capixaba e nacional e a nossa intenção de reafirmar isso, como também pela presença de comunidades tradicionais ribeirinhas, trechos de mata nativa e todo o potencial a partir do estabelecimento do rio como um eixo de desenvolvimento regional que possa confluir os interesses ambientais, sociais e econômicos para um propósito comum – a convivência harmoniosa do homem com a natureza”, explica.

Grupo de estudantes de Arquitetura envolvidos no projeto

Questões ambientais

Em um momento marcado por extremos climáticos e desastres ambientais causados sobretudo por ações humanas, Rupf ressalta a importância da formação de profissionais que ultrapassem os limites da metodologia. “A arquitetura deve estar amplamente amparada na técnica, mas com uma aproximação sensível às questões ambientais e humanas. O que se visa é debater o problema a partir de uma abordagem multidisciplinar, entendendo ser possível, através da técnica, pensar em cenários para além do desastre, solidarizando-se com as demais áreas do conhecimento que buscam a reversão do grave problema que assola o Rio Doce”, afirma. 

Ele lembra que, enquanto aluno do curso, em 2005, participou da 6ª edição da bienal, ocasião em que a turma recebeu menção honrosa. Hoje, ao participar do evento como professor, ajuda os estudantes a reescreverem a história do curso e da Universidade. “Não podemos nos esquecer que esta participação é resultado da soma de esforços ao longo do tempo de todos os professores, funcionários e alunos que aqui estão e estiveram, sob o mesmo propósito que é a defesa da universidade pública de qualidade”, defende.

Uma das etapas de elaboração do projeto

Para o professor, estar entre os finalistas é motivo não só de orgulho como de comprometimento. “Recebemos o resultado com muita alegria, mas com um senso de grande responsabilidade de representar o nosso curso. Temos um importante caminho a percorrer, que é a viabilização física de nossa proposta no espaço da exposição e oportunizar a participação de nossos alunos neste evento tão importante – um espaço de troca e discussão sobre a presente e futura atuação do arquiteto e urbanista frente aos enormes desafios em escalas local e global”.

A 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo será realizada no Pavilhão da Oca, no parque Ibirapuera, entre os dias 18 de setembro e 19 de outubro. Os trabalhos premiados serão anunciados durante o evento.

Foto: Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e divulgação