
Golfo de Suez
Um novo estudo revelou que o Golfo de Suez, que divide parcialmente África e Ásia, ainda pode estar a alargar-se. Os cientistas pensavam que tinha parado há cinco milhões de anos.
Há cerca de 28 milhões de anos, a placa tectónica Arábica começou a afastar-se da placa Africana, abrindo o atual Golfo de Suez. É assim que nascem novos oceanos. No entanto, há cerca de 5 milhões de anos, o rifte parou, e Suez permaneceu um golfo, e não um oceano.
No entanto, um novo estudo, publicado no início do mês na Geophysical Research Letters, sugere que, afinal, o rifte de Suez nunca deixou de “riftear”. Em vez disso, simplesmente abrandou.
A investigação revelou que o rifte de Suez continua a afastar-se a cerca de 0,5 milímetros por ano.
“Acreditamos que isto altera a forma como pensamos sobre a evolução dos riftes. No modelo conceptual, os riftes ou têm sucesso (formando novos bacias oceânicas como o Mar Vermelho) ou falham (tornando-se completamente inativos), explicou, à Live Science, o líder do estudo, David Fernández-Blanco, geocientista do Instituto de Ciência e Engenharia de Águas Profundas da Academia Chinesa de Ciências.
“Agora, estamos a mostrar que existe um caminho intermédio através do qual os riftes podem desacelerar sem realmente falhar”, acrescentou.
O Golfo de Suez é normalmente visto como o exemplo clássico de um rifte falhado.

Porta para o Mediterrâneo: Localização estratégica do canal do Suez, entre África e Ásia
“O que nos chamou a atenção foi a desconexão entre a narrativa convencional de total quietude tectónica e os indícios de atividade contínua”, afirmou Fernández-Blanco.
As evidências do novo estudo apontam para um rifte contínuo que abrandou há 5 milhões de anos, quando os movimentos das placas mudaram e a atividade tectónica se deslocou para o Mar Morto, onde se estava a formar uma nova fronteira de placa entre as placas Africana e Arábica.
Contudo, o rifte não parou. Continua a afastar as margens do Golfo de Suez.
Os resultados podem significar que áreas como o Golfo de Suez são mais propensas a sismos danosos do que se acreditava, acrescentou. Também sugere que outros riftes supostamente falhados podem merecer uma segunda análise com ferramentas modernas para verificar se realmente pararam de “riftear”.