Já foram mais de 1800, mas agora são menos de 10 residentes. Durante várias décadas, a aldeia de Minas del Horcajo, no município de Almodóvar del Campo na Ciudad Real, Espanha, foi uma das mais prósperas da região. Mas hoje, o que restam são muitas ruínas e poucos habitantes para contar a história.

A aldeia, no coração da Serra Madrona-Quintana, tem uma história ligada às minas e à própria localização, entre rios e montanhas (daí o nome). As primeiras menções da região surgem em documentos do século XVI, sendo que as explorações só arrancaram em meados de 1850.

Em 1858, tudo mudou na região, com a descoberta das minas de galena argentífera, um mineral valorizado tanto por conter chumbo como prata e utilizado em baterias, folhas de chumbo e aplicações eletrónicas mais antigas, como o rádio de cristal.

Nessa altura, a aldeia chegou a receber 85 trabalhadores e a extração do mineral chegava a atingir os 603 metros de profundidade. Com o trabalho constante, a aldeia começou a crescer e, no seu auge, atingiu os 1.876 habitantes.

A sete quilómetros da fronteira com Córdoba e por esta razão, as minas que ali operavam tinham bastante relevância para a região do Vale de Alcudia. O sistema utilizado no trabalho era também considerado inovador para a época — possuía sistemas de ar comprimido para a extração mineral e sistemas elétricos para drenagem.

No livro “Minas Del Horcajo: La Aldea Olvidada”, lançado em 2019, o escritor José Félix Fernández Megías relata a construção de casas, estações ferroviárias, hospitais, farmácias e até casinos. Mas tudo foi entregue às ruínas em 1963, quando a atividade mineira cessou.

Hoje, a aldeia encontra-se completamente em ruínas e o acesso à localidade é feito através de um túnel com cerca de um quilómetro. Entre as construções ainda de pé, estão a Igreja de San Juan Bautista e algumas estruturas de alvenaria.

Quanto às casas, estão quase todas destruídas. Apenas restam algumas propriedades conservadas, próximas do túnel de acesso, que pertencem aos poucos residentes da localidade.

Um dos monumentos que ainda hoje continua a ser visitado foi erguido em 1901, em homenagem a três miúdos, entre os seis e os oito anos, que morreram na região. O trio fugiu de casa numa noite de inverno e acabou por se perder. Só foram encontrados três dias depois, já sem vida.

Embora não se conheça a causa da morte, suspeitava-se que não sobreviveram ao inverno, tendo sido também atacados por lobos. Ainda hoje, o monumento erguido em sua homenagem continua intacto.

Ao longo do ano, a aldeia recebe vários grupos de caminhantes e exploradores curiosos interessados ​​na sua história. A serra envolvente é também a casa de várias espécies de animais, como veados, lobos, javalis, entre outros.

Como lá chegar

A aldeia situa-se a cerca de quatro horas da fronteira, caso parta da região de Barrancos, distrito de Beja. Quando lá chegar, é proibido atravessar de carro o túnel que dá acesso à localidade. Deve estacionar o veículo nas proximidades e continuar o percurso a pé.

Carregue na galeria para ver algumas fotografias da aldeia Minas del Horcajo.