O encontro entre Lula e a ministra do Ambiente portuguesa, no qual também participaram representantes da Dinamarca, França e Alemanha, atrasou uma hora, uma vez que o chefe de Estado brasileiro esteve a negociar diretamente com o Emirados Árabes Unidos. Um desenrolar de negociações visto com bons olhos para um acordo final.
Já com Maria da Graça Carvalho, um dos apelos de Lula versou sobre o fim dos subsídios aos combustíveis fósseis. Nesse sentido, Portugal anunciou ontem a adesão a um roteiro para o abandono dessas fontes de energia, que foi subscrito por mais de 80 países. O “roadmap”, uma espécie de coligação, junta países consumidores e produtores de petróleo e foi incluído no primeiro rascunho da decisão COP30.
A governante explicou que quer fazer essa “negociação dentro da COP liderada pelo Brasil, pela presidência e depois ao nível da União Europeia”. “É isso que nós queremos e concordamos com a ideia, mas precisamos de ver os detalhes e não queremos embarcar numa ideia ainda difusa de um conjunto de países. O que nós queremos é mesmo um calendário, um documento em que se discuta os detalhes”, adiantou, aos jornalistas.
Questionada sobre se é possível fazer esse caminho nos próximos dois anos, Maria da Graça Carvalho deu o exemplo do fim do desconto gradual do Imposto sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos (ISP) que Portugal já está a fazer e alertou para a necessidade de uma transição justa.
Transição tem de ser justa
“Ainda agora foi anunciado que vamos gradualmente acabar com o desconto que há no ISP, mas vamos ter muita atenção para que não haja um aumento dos preços dos combustíveis. Para fazer a tal transição justa e de um momento para o outro não haja um aumento, que é para as famílias e as pessoas vulneráveis muito difícil de suportar”, admitiu.
Ao nível dos 27, Lídia Pereira, que lidera a delegação do Parlamento Europeu à COP30, notou que a UE quer “o abandono dos subsídios nos combustíveis fósseis”. “Creio que o essencial é que haja, de facto, um acordo que seja depois respeitado”, frisou. A eurodeputada portuguesas alertou ainda para a necessidade de haver “respeito pelos acordos” que são assinados nestas reuniões.