Herman José, quem mais? Está no palco do Maxime, na Praça da Alegria, a brincar com a guitarra. A atração da noite são cordas que imitam coros de igreja, uma conversa no céu entre Saramago e Amália, além das personagens do costume: Maximiana, José Estebes, Tony Silva. Manuel João chega. Apesar de ser diretor artístico do Maxime não está todas as noites, conta o padrasto Bo Backstrom, que em 2005 terminou a carreira na Cruz Vermelha Internacional e assentou em Portugal. Ele e Madalena, a mãe do vocalista dos Ena Pá 2000, pensaram em ir para Santiago do Cacém, terra dela, quem sabe abrir uma papelaria, mas falou mais alto um anúncio para arrendar o cabaré da Praça da Alegria. É sábado. Manuel João senta-se num canto do balcão.
Está de calças de ganga, camisa larga, cabelo despenteado, cinzento, resquícios de caracóis que não se veem quando o empasta de gel para os espetáculos. Tita, manager desde os tempos dos Irmãos Catita no Cinearte, anos 90 em diante, levanta-se para ir ter com ele. Trocam umas palavras e depois há uma altura em que ele fica sozinho e ri de algumas coisas que Herman está a fazer. Pensei em “primata bonito” e digo-lhe. “Isso foi só uma coisa que escrevi. Rima com ‘um tipo esquisito’”. É o que vem a seguir na primeira música do CD sem palavrões do álbum dos Corações de Atum (“Romance Hardcore”, com um CD para romance, o outro um pouco mais ‘explícito’) agora editado [em 2010, data da publicação original deste artigo]. Não é a essência? “Isso não existe”, dirá.
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