
Navio-espião russo Yantar, ou “navio de pesquisa científica” segundo a Rússia
Cresce a tensão entre Londres e Moscovo. O Governo do Reino Unido denunciou esta quarta-feira que o navio-espião russo Yantar apontou lasers a aviões britânicos que monitorizavam os seus movimentos, depois de a embarcação ter realizado uma incursão em águas britânicas.
Um navio-espião russo entrou em águas territoriais britânicas, a norte da Escócia, e apontou lasers a pilotos militares, segundo disse esta quarta-feira o Ministro da Defesa do Reino Unido, John Healey, que alerta que o país enfrenta uma “nova era de ameaças por parte de atores hostis”.
“Esta ação russa é extremamente perigosa e é já a segunda vez este ano que este navio, o Yantar, opera em águas britânicas”, afirmou o chefe da diplomacia britânica numa conferência de imprensa, na qual advertiu Moscovo de que “Londres está preparada” caso o navio “altere a sua rota”.
“Esta ação russa é profundamente perigosa. A minha mensagem para a Rússia e para Vladimir é esta: estamos a ver-vos, sabemos o que estão a fazer e, se o Yantar seguir para sul esta semana, estaremos prontos”, disse o ministro, citado pela CNN.
O incidente ocorreu enquanto o navio, que já tinha sido avistado em águas do Reino Unido no mês de janeiro, era vigiado por uma fragata e por aviões P-8 da Real Força Aérea, depois de ter entrado nas águas territoriais britânicas, nota a Europa Press.
Healey afirmou que é “a primeira vez que este navio-espião russo, responsável por operações de vigilância em tempos de paz e de sabotagem em tempos de conflito, leva a cabo uma ação deste género contra a Real Força Aérea“.
Segundo a Rússia, o Yantar é um navio de investigação oceânica. No entanto, há muito que se suspeita que está a mapear secretamente os cabos submarinos da Grã-Bretanha, através dos quais são transferidos mais de 90% das comunicações internacionais, nota a BBC — incluindo milhares de milhões de dólares em transações financeiras.
O ministro da Defesa britânico adiantou que ordenou uma alteração no regulamento da Marinha para permitir que o navio-espião russo, que tem capacidade para causar danos em oleodutos e cabos submarinos, possa ser acompanhado de forma mais próxima.
Em resposta, a Embaixada russa em Londres apelou às autoridades britânicas para que “se abstenham de tomar medidas destrutivas que agravem a crise no continente europeu”, sublinhando que as ações de Moscovo “não afetam os interesses do Reino Unido nem pretendem pôr em causa a sua segurança”.
“Londres, com a sua postura russofóbica e a crescente histeria militarista, está a deteriorar ainda mais a segurança europeia e a criar condições para novas situações perigosas”, destacou a representação diplomática numa declaração publicada no Telegram.
A Embaixada afirmou que as “acusações e suspeitas intermináveis” por parte do Governo britânico apenas provocam “risos” em Moscovo. “Não temos qualquer interesse nas comunicações dos submarinos britânicos”, rematou.
A incursão acontece depois de o Governo britânico ter anunciado que o porta-aviões da Marinha Real ‘HMS Prince of Wales’, e os seus caças F-35 passaram a estar sob comando da NATO, com o objetivo de “reforçar os laços de segurança europeus”.