O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que está disposto a negociar com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, um plano de paz que, segundo as linhas gerais divulgadas, será muito favorável à Rússia.
O país irá participar “de forma construtiva, honesta e operacional”, garantiu Zelensky, citado pelo New York Times.
“A Ucrânia precisa de paz e a Ucrânia vai fazer todos os possíveis para que ninguém no mundo possa dizer que estamos a dificultar a diplomacia”, afirmou o seu Presidente na quinta-feira à noite. O país não vai fazer, por isso, declarações “precipitadas”, cita o diário The Guardian.
Mas acrescentou que a Ucrânia tem “uma posição muito simples”: que a paz conseguida por um acordo seja “verdadeira, que não seja quebrada por uma terceira invasão”.
O gabinete de Zelensky confirmou na quinta-feira ter recebido uma proposta de plano provisória, preparada por responsáveis norte-americanos e russos, adiantando que o Presidente iria falar com Trump nos próximos dias sobre “oportunidades diplomáticas existentes e os principais pontos que são necessários para a paz”.
O plano prevê que a Ucrânia cedesse áreas significativas do Donbass, no Leste da Ucrânia, incluindo cerca de 20% ainda controlados pela Ucrânia (além da Crimeia e Lugansk), reduza o seu Exército, recuse qualquer força internacional ocidental após o fim da guerra e prometa não aderir à NATO: propostas que já tinham sido anteriormente rejeitadas.
O plano surgiu após encontros entre o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, e o seu homólogo russo Kirill Dmitriev, diz ainda a BBC. A Casa Branca rejeitou, no entanto, a afirmação de que a Ucrânia não tivesse estado envolvida nas conversações.
A porta-voz da Casa Branca Karoline Leavitt afirmou que o plano proposto pelos Estados Unidos é bom “tanto para a Rússia, como para a Ucrânia”, e que Kiev foi consultada. Disse que o plano não estava ainda finalizado.
As reacções anteriores ao plano foram de crítica. Responsáveis europeus e ucranianos usaram mesmo a palavra “capitulação”.
“Queremos uma paz justa que respeite a soberania de todos, uma paz duradoura que não possa ser desafiada por agressões no futuro”, afirmou na quinta-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros de França, Jean-Noël Barrot. “Mas a paz não pode ser uma capitulação. Não queremos a capitulação da Ucrânia”, cita o Washington Post.
“Para [qualquer plano] funcionar, precisa de ter a Ucrânia e os europeus” presentes, disse pelo seu lado a chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas.
“Há um agressor e uma vítima, e não ouvimos quaisquer concessões do lado da Rússia”, criticou.
O secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, Rustem Umerov, afirmou na aplicação Telegram que o país estava a “analisar cuidadosamente todas as propostas, e esperamos a mesma consideração adequada pela posição da Ucrânia” por parte dos seus parceiros, segundo a Reuters.
Uma fonte sob anonimato disse à agência noticiosa que os EUA planeavam informar os embaixadores da União Europeia sobre o plano nesta sexta-feira.