A Europa precisa de carros elétricos realmente acessíveis e vive um momento decisivo na definição do seu futuro automóvel. A BYD surge como uma das marcas bem posicionadas para responder a esta necessidade. Mas estará o mercado europeu preparado para a filosofia dos kei cars? O Racco, apresentado recentemente no Japão, pode ser precisamente o tipo de E-Car que poderá vir a preencher essa lacuna.

A Europa enfrenta um dilema pertinente no caminho para a mobilidade elétrica: poderá realmente oferecer carros urbanos acessíveis que respondam à exigência de sustentabilidade sem se perder em regulamentos complexos e preços elevados?

Segundo a proposta da categoria de veículos “E-Cars”, a resposta pode passar por modelos 100% elétricos, produzidos localmente e com preços entre os 15.000 e 20.000 euros.

Nesta conjuntura, a BYD surge com o seu novo modelo Racco, concebido desde já para o mercado japonês, mas com o olhar voltado para a Europa, pronto para explorar esse espaço que muitos até agora consideravam difícil de rentabilizar.

Europa à procura de elétricos económicos

A 10 de dezembro serão conhecidos novos detalhes sobre a categoria E-Cars na União Europeia. A Comissão Europeia irá apresentar a atualização da sua estratégia para acelerar a eletrificação do parque automóvel, e estes veículos Económicos, Ecológicos, Europeus e Elétricos poderão assumir um papel central.

O objetivo passa por revitalizar um segmento que foi muito popular antes da pandemia, mas que perdeu força devido ao aumento de preços, às dificuldades industriais e às exigências regulamentares que afastaram as marcas deste tipo de propostas.

Uma eventual nova categoria regulamentar poderá beneficiar muitas fabricantes, incluindo a chinesa BYD, cada vez mais influente no mercado global.

BYD Racco pode estar a caminho do mercado europeu

O movimento da BYD é coerente com a sua estratégia. A marca apresentou no Salão Automóvel de Tóquio o Racco, um kei car elétrico com apenas 3,4 metros, criado para competir com as alternativas económicas de fabricantes como Toyota, Honda e Nissan.

A vice-presidente da BYD, Stella Li, deixou, entretanto, o aviso: em função da evolução da legislação europeia, o Racco poderá vir para a Europa.

Segundo afirmou, a empresa está atenta à regulamentação da UE e não descarta trazer o carro para o nosso mercado caso haja espaço regulamentar.

Os E-Cars poderão precisamente criar essa oportunidade, permitindo modelos que não tenham de cumprir todas as exigências atuais de segurança e emissões, reduzindo assim o preço final para valores a partir dos 15 mil euros.

A Europa quer proteger a produção local, mas a BYD já está a instalar capacidade industrial no continente. A primeira fábrica europeia, na Hungria, entra em funcionamento este ano.

Em 2026 será inaugurada outra unidade na Turquia e já se discute uma terceira, com forte hipótese de ser em Espanha. O BYD Dolphin Surf será o primeiro modelo produzido na Hungria, mas o Racco poderá encaixar naturalmente na linha europeia, caso a nova categoria avance.

As características do BYD Racco

A estratégia seria particularmente inteligente para a marca, que tem demonstrado enorme força além-fronteiras. Ainda assim, Stella Li deixou claro que a chegada do Racco à Europa não é uma prioridade imediata, dado o foco atual em novos elétricos, híbridos plug-in, expansão de marcas e redes de carregamento.

No Japão, o Racco será vendido com um único motor elétrico, bateria LFP de 20 kWh, autonomia de 180 km e carregamento rápido até 100 kW.

Caso venha para a Europa, poderá receber pequenas adaptações, incluindo um ligeiro aumento de tamanho, mantendo-se como o modelo de acesso da BYD e reforçando a sua capacidade de competir no segmento urbano.

 

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