Um novo estudo acaba de indicar que o consumo frequente de alimentos ultraprocessados pode provocar danos químicos no DNA. A pesquisa, publicada na revista Nutrients, analisou alterações epigenéticas associadas à dieta e envolveu a orientação de um médico brasileiro. Os resultados reforçam a preocupação com os efeitos biológicos desse tipo de alimento.
O estudo avaliou 30 mulheres e classificou suas dietas conforme o sistema NOVA. As participantes tiveram a alimentação registrada por três dias. As análises epigenéticas foram feitas a partir de DNA extraído de leucócitos do sangue periférico, usando sequenciamento de nova geração. Esse método permitiu identificar modificações químicas ligadas ao consumo de alimentos ultraprocessados.
A pesquisa encontrou 80 regiões diferencialmente metiladas no DNA das mulheres que ingeriam mais alimentos ultraprocessados. Essas alterações representaram modificações químicas capazes de mudar a expressão gênica, sem alterar a sequência original do DNA. Segundo o estudo, a maior parte dessas regiões estava hipometilada no grupo de maior ingestão, o que indica possível ativação de genes que deveriam permanecer silenciados.
Crédito: PJ McDonnell/Shutterstock
Alimentos ultraprocessados e impacto epigenético observado
Os autores sugerem que essas modificações epigenéticas podem ajudar a explicar a relação entre ultraprocessados, obesidade e doenças crônicas não transmissíveis, como câncer e complicações metabólicas. O estudo ressalta que fatores ambientais e hábitos alimentares podem modular a expressão gênica e deixar marcas duradouras no DNA.
As descobertas foram comentadas pelo endocrinologista Marcio Mancini, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo. Ele destacou que o impacto dos alimentos ultraprocessados pode ocorrer no nível molecular. “Nossos achados reforçam a hipótese de que o impacto dos ultraprocessados pode ocorrer já no nível epigenético, modulando a metilação do DNA e, potencialmente, a expressão gênica”, explicou. Mancini também observou que o estudo abre portas para novas análises. “É um estudo piloto, com amostra pequena, mas que abre caminho para pesquisas maiores e longitudinalmente desenhadas, capazes de demonstrar causalidade”, afirmou.
O endocrinologista acrescentou que essas alterações químicas no DNA podem representar um elo biológico entre dieta, riscos cardiovasculares e distúrbios metabólicos. Por se tratar de um estudo piloto, ainda são necessárias pesquisas mais amplas para confirmar os resultados e estabelecer relações de causa e efeito.
“A mensagem prática continua válida: reduzir ultraprocessados e priorizar alimentos in natura e minimamente processados é uma estratégia consistente para promoção da saúde”, destacou Mancini.
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