O “Financial Times” (FT) revela que Donald Trump só aceitou participar na próxima reunião de Davos, em janeiro, depois de obter garantias de que temas considerados “woke” — como igualdade de género, diversidade, transição energética, alterações climáticas ou financiamento ao desenvolvimento — não teriam destaque no programa oficial. Segundo o jornal, esta foi uma condição colocada pelos representantes do Presidente dos EUA às lideranças do Fórum Económico Mundial (WEF) num encontro realizado no outono.
A equipa de Trump pressionou a organização a “limpar” ou reduzir estes tópicos para garantir que a presença do Presidente não criaria dissonância junto da sua base Maga. O WEF terá tranquilizado Washington, embora publicamente insista que “nenhum governo influencia a nossa independência editorial ou agenda”.
O FT lembra que, sob Trump, os EUA abandonaram o Acordo de Paris e cortaram largos setores da ajuda externa, incluindo programas de direitos das mulheres, clima e desenvolvimento. A Casa Branca afirmou ao jornal que o mundo beneficiaria se adotasse a abordagem americana centrada em segurança económica e fronteiras — e não em “ideologia woke”.
A pressão sobre Davos não é inédita: a administração Trump tentou condicionar agendas de outros fóruns multilaterais. O jornal refere ainda que o encontro de 2026 terá como tema “A Spirit of Dialogue”, depois de anos em que o WEF deu mais espaço a temas climáticos e sociais, incluindo o lançamento do “Great Reset” em 2020.
O Fórum vive também um momento sensível: passou por duas investigações internas após denúncias contra Klaus Schwab, o seu fundador, que acabou por abandonar a liderança após mais de cinco décadas. O evento deste ano, no entanto, deverá atingir um recorde de participantes, com mais de 60 chefes de Estado, 300 líderes governamentais e 1.600 representantes empresariais e do setor social.