Alda Rosa morreu esta quinta-feira aos 89 anos, em Lisboa, na sequência de várias complicações de saúde, segundo explicou à Lusa um familiar. A designer gráfica estava internada “há algum tempo” no Hospital Curry Cabral.
O velório decorrerá entre as 17h e as 23h desta sexta-feira no Edifício Saudade do Cemitério de Carnide, no qual decorrerá ainda o funeral no dia de sábado, às 14h. Antes disso, pelas 12h, será realizada uma cerimónia memorial, antes da cremação.
Nascida em 1936 em Braga, Alda Rosa formou-se em pintura na Escola Superior de Belas Artes, em Lisboa, em 1959, estudando posteriormente em Inglaterra, onde frequentou o curso de Arte e Design Gráfico no Ravensbourne College, em Londres. Terminado o curso em 1970, tornou-se assim dos primeiros portugueses com formação académica em design gráfico.
Pertenceu à Juventude Universitária Católica, no âmbito da qual tinha como próximas personalidades como o ex-Presidente da República Jorge Sampaio, o pensador e sociólogo Manuel de Lucena, o escritor, ensaísta e historiador Vasco Pulido Valente, o escritor Nuno de Bragança, o escultor João Cutileiro e o cineasta Paulo Rocha, com quem viria a colaborar no filme “Verdes Anos” (1963).
Alda Rosa com cerca de 30 anos
Iniciou a sua carreira profissional no atelier dos arquitetos Duarte Nuno Simões e José Santa-Rita, onde colaborava em projetos de design gráfico e de interiores. E teve um papel fundamental na radicação do conceito de design em Portugal. Integrou o Núcleo de Arte e Arquitetura Industrial do Instituto Nacional de Investigação Industrial, participando na organização das primeiras exposições de design português em 1971 e 1973 – para as quais concebeu as capas dos catálogos e materiais gráficos, em colaboração com Maria Helena Matos, Cristina Reis, António Sena da Silva e Tomás de Figueiredo. Desempenhou ainda funções de assessoria interna na Direção-Geral da Qualidade e, posteriormente, no Instituto Português da Qualidade além de, como representante do ministério da Indústria, ter colaborado na instalação do Instituto Português de Design, onde foi consultora.
Depois de ter criado e dirigido o setor gráfico do Instituto Cultural de Macau e de ter fundado e dirigido a Associação Portuguesa de Design, passa a trabalhar como designer gráfica independente a partir de 1993, criando catálogos para exposições e eventos de museus portugueses como o Museu José Malhoa, o Museu Nacional do Teatro e o Museu Nacional do Azulejo. O seu trabalho caracteriza-se por uma estética minimalista e modernista, centrada na tipografia e nas formas geométricas dinâmicas.
Participou ainda em quatro dezenas de exposições – entre as quais “A Idade do Ferro no sul de Portugal” (1980), no Museu Nacional de Arqueologia, e “Un Éclat Portugais. L’Art de l’Azulejo” (1996), na Fundação Calouste Gulbenkian em Paris – e colaborou, na área cultural e institucional, com editoras como a Estampa, Cosmos, Moraes, Plátano, Inapa e Livros Horizonte. Na sua obra gráfica destaca-se a coleção de bolso Livro B, da Estampa, com os seus volumes de capa preta e folhas azuis-claras. Fez ainda parte da equipa do projeto de Jornais Escolares do Expresso.
O espólio documental da artista ficará disponível no MUDE – Museu do Design, em Lisboa.