Choque e indignação. Tarifas de Trump aos helvéticos fixam-se nos 39% e a Suíça será o país mais penalizado do espaço europeu. A nível mundial, a Suíça só é suplantada para a Síria, Laos e Mianmar.

Confusão, indignação e trocas de acusações. A Suíça está em choque com a tarifa de 39% aplicada pela administração norte-americana à importação de produtos helvéticos. Será o país europeu mais penalizado pelo protecionismo de Donald Trump e a nível mundial, a Suíça só é suplantada para a Síria, Laos e Mianmar.

Com a entrada em vigor das tarifas comerciais instituídas por Donald Trump, na passada sexta-feira, o país foi apanhado de surpresa com aquilo que foi apelidado de pouca eficácia por parte das autoridades helvéticas no sentido de negociar este valor.

O tabloide “Blick” foi o mais expressivo e apelidou este episódio como “a maior derrota do país desde a vitória da França na batalha de Marignano, em 1515”.

Agora, são os políticos que estão debaixo de fogo, nomeadamente a presidente da Suíça, Karin Keller-Sutter, que está a ser acusada de não ter acautelado devidamente os interesses comerciais do país, quando a governante pensava ter a situação perfeitamente controlada.

A guerra declarada não se restringe ao círculo político já que a influente indústria farmacêutica do país está incrédula não só com a decisão de Donald Trump como aquela que acreditam ter sido fruto da inação das autoridades suíças.

Os políticos suíços estavam crentes que iriam conseguir uma tarifa de 10%, semelhante à do Reino Unido e inferior à aplicada aos países da zona euro, bloco em que a Suíça não está integrada. A própria opinião pública acreditava que as negociações com os EUA seriam levadas a bom porto.

Em abril, as autoridades helvéticas revelaram que estavam confiantes de que iriam conseguir um bom negócio e até se falava na possibilidade do país investir cerca de 150 mil milhões de dólares nos EUA, algo que lhes iria permitir tarifas comerciais de 10%.

No entanto, Donald Trump insistiu que, face à Suíça, os EUA eram deficitários em 39 mil milhões de dólares e que 10% em tarifas comerciais seria insuficiente. Esse défice deve-se sobre às exportações de ouro. No entanto, o ouro e os produtos farmacêuticos deverão ficar isentos destas tarifas recíprocas.

A situação fica mais grave quando se percebe que os EUA são o principal mercado de exportação da Suíça para produtos como relógios, chocolate e maquinaria, um autêntico cartão postal do país. Além disso, os EUA são um investidor significativo na Nestlé, Roche e Novartis, empregando centenas de trabalhadores.