Os homens vivem menos que as mulheres, e isso não é achismo, é estatística. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a expectativa de vida masculina é de 72,2 anos, contra 79,8 para mulheres. Mas por que isso acontece?
Para responder a essa questão e falar sobre longevidade masculina, Dr. Roberto Kalil recebe Dr. Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil, e a Dra. Maisa Kairalla, geriatra do Núcleo Avançado de Geriatria do Hospital Sírio-Libanês, no “CNN Sinais Vitais — Dr. Kalil Entrevista” de sábado (22).
A discussão sobre a longevidade masculina ganha ainda mais peso diante do envelhecimento acelerado da população. A projeção é que, em 2030, o país tenha mais idosos do que crianças, o que torna a saúde do homem um ponto crítico para o sistema de saúde e para a sociedade.
De acordo com Kairalla, ainda existe uma barreira cultural que afasta os homens do cuidado preventivo, apesar de ser essencial para um envelhecimento saudável. “O homem brasileiro, culturalmente, só procura um médico quando o corpo grita. Mostrar fragilidade ou fraqueza ainda é visto como vulnerabilidade. Por isso, é tão importante buscar a prevenção antes que seja tarde”, afirma.
Kalache amplia essa discussão ao abordar como as questões de gênero influenciam desde a infância: “Quando eu era criança, me deram uma pistola e uma bola para chutar. Eu não tinha interesse em nenhuma das duas. Já para minha irmã, deram uma boneca para cuidar. Essa questão de gênero tem peso desde a infância, e a gente precisa rever isso. Ainda há um longo caminho pela frente”, afirma.
O especialista também chama atenção para o impacto da violência nas estatísticas de mortalidade masculina. “O homem vive menos que a mulher, e isso pode ter fatores biológicos, mas também tem a violência. É o homem matando o homem. Se a gente não controlar essa violência, que é tão associada ao masculino, esses números continuarão alarmantes”, completa.
Como envelhecer bem?
Para envelhecer bem, é preciso começar a se cuidar antes mesmo de chegar à terceira idade. “Quanto mais cedo a gente pensar em prevenção, mais tempo a gente tem para agir. Mas eu diria que a idade mágica entre 40 e 50 anos é uma boa fase para correr atrás disso”, afirma.
A alimentação saudável também é importante, principalmente nas idades mais avançadas. “Um idoso que não tem uma alimentação adequada em proteínas fragiliza e inflama muito mais rápido. Não é só ter vontade de se cuidar. É ter condição para isso”, afirma Kairalla.
Há, ainda, o uso de hormônios, que exige uma atenção especial. Assim como as mulheres na menopausa, os homens também sofrem alterações hormonais. “Existe sim o envelhecimento hormonal masculino. É mais lento, mais tardio, mas acontece. A queda da testosterona pode causar fraqueza muscular, tristeza e outros sintomas. O problema é que vemos muito tratamento feito de forma inadequada, inclusive com risco cardiovascular. É preciso diagnóstico e acompanhamento médico”, alerta a especialista.
O uso indiscriminado de testosterona traz riscos à saúde, como doenças cardiovasculares, infertilidade, alterações cognitivas e de humor. “Muitas pessoas usam para ganhar músculo já estando doentes. É extremamente perigoso”, alerta Kairalla.
O “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista” vai ao ar no sábado, 22 de novembro, às 19h30, na CNN Brasil