Acompanhe o nosso liveblog sobre a guerra na Ucrânia 

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou esta sexta-feira que se recusa a “trair” a nação e anunciou que vai propor alternativas ao plano dos Estados Unidos para o conflito com a Rússia, que implica cedências territoriais a Moscovo.

Apresentarei argumentos, persuadirei e proporei alternativas“, disse o líder ucraniano numa declaração por vídeo à nação, na qual sublinhou que não trairá o seu país.

Volodymyr Zelensky avisou que este “é um dos momentos mais difíceis e de maior pressão” da história da Ucrânia, que se confronta com “escolhas muito difíceis” face à proposta norte-americana recebida na quinta-feira por Kiev.

“Ou perde a sua dignidade ou corre o risco de perder um aliado fundamental”, declarou, referindo-se aos Estados Unidos.

Mais tarde, o Presidente da Ucrânia revelou na rede social X que falou “durante quase uma hora com o vice-presidente dos EUA JD Vance e o Secretário do Exército dos EUA Dan Driscoll”.

“Conseguimos cobrir muitos dos pormenores das propostas do lado dos EUA para acabar com a guerra e estamos a trabalhar para fazer um caminho para uma forma digna e verdadeiramente eficaz para conquistar uma paz duradoura”, escreveu o Presidente ucraniano.

“Estou agradecido pela atenção e disposição para trabalharem em conjunto connosco e com os nossos parceiros. Concordámos em trabalhar com os EUA e a Europa a um nível de conselheiros nacionais para abrir um caminho para a paz realmente atingível”, continuou.

Na publicação, afirma que a Ucrânia “sempre respeitou e continua a respeitar os EUA”, falando também no respeito “pelos desejos de Donald Trump de pôr fim à guerra”. Zelensky afirma que vêem “todas as propostas realistas de forma positiva”.

“Concordámos em manter contacto constante e as nossas equipas estão prontas para trabalhar 24 horas, sete dias por semana”, acrescentou.

O Presidente norte-americano quer que a Ucrânia assine o plano sobre o fim da guerra com a Rússia antes da próxima quinta-feira, Dia de Ação de Graças. A notícia do prazo foi avançada pela imprensa norte-americana e, mais tarde, confirmada por Trump numa entrevista à Fox Radio.

Donald Trump está a pressionar Volodymyr Zelensky para que apoie a proposta antes de 27 de novembro, e ameaça retirar o apoio à Ucrânia se não o fizer, disseram cinco pessoas familiarizadas com o assunto ao jornal.

Os Estados Unidos estão a enviar sinais à Ucrânia de que tudo poderá ficar em suspenso se não assinar dentro de uma semana, referiram dois funcionários, de acordo com a notícia citada pela agência espanhola EFE.

O plano de 28 pontos, inspirado no da guerra na Faixa de Gaza, coloca em causa algumas das linhas vermelhas de Zelensky, como a cessão de território ucraniano a domínio russo.

O documento inclui a exigência de que Kiev retire as tropas do território que ainda controla na região oriental do Donbass, formada pelas unidades administrativas de Lugansk e Donetsk.

Prevê também que o exército ucraniano seja reduzido para 600.000 efetivos depois da guerra, em vez dos cerca de 880.000 atuais, e que a Ucrânia renuncie à entrada na NATO, prevista na Constituição.

Em troca, a Ucrânia receberá garantia de segurança face a uma eventual nova ofensiva russa.

A intenção de Trump é que a Ucrânia assine o pacto, para que seja depois apresentado ao líder russo, Vladimir Putin, segundo a EFE.

A presidência russa negou ter recebido oficialmente a proposta dos Estados Unidos.

O secretário do Exército dos Estados Unidos, Daniel Driscoll, apresentou a proposta norte-americana a Zelensky na quinta-feira, em Kiev.

Apesar de a Ucrânia não ter participado na elaboração do documento, Washington disse que estava a dialogar com Moscovo e Kiev “por igual”.

Zelensky falou esta sexta-feira ao telefone com os líderes alemão, francês e britânico para se assegurar de que as posições de princípio de Kiev têm o apoio europeu. Friedrich Merz, Emmanuel Macron e Keir Starmer saudaram os “esforços norte-americanos” para pôr fim à guerra e asseguraram a Zelensky o “apoio total e inalterado no caminho para uma paz duradoura e justa”, segundo o Governo alemão.

O Presidente russo, Vladimir Putin, considerou esta sexta-feira que o plano dos Estados Unidos para o conflito na Ucrânia pode “servir de base para uma solução definitiva”, ameaçando ocupar mais território ucraniano caso Kiev o rejeite.

“Pode servir de base para uma solução definitiva e pacífica, mas este plano não foi discutido connosco de forma concreta“, declarou Putin, durante uma reunião governamental transmitida na televisão russa. “E consigo adivinhar porquê. Acredito que a razão seja a mesma: a administração dos EUA ainda não conseguiu assegurar o acordo do lado ucraniano. A Ucrânia está contra ele”, citou a agência TASS.

O líder do Kremlin indicou que está pronto para negociações e “resolver os problemas através de meios pacíficos”, o que disse requerer “obviamente uma discussão minuciosa de todos os detalhes” dos 28 pontos propostos pelo homólogo norte-americano, Donald Trump.

“Estamos prontos para isso”, acrescentou Putin, referindo que a proposta foi apenas discutida “em termos gerais” entre Moscovo e Washington, que, segundo indicou, pediu às autoridades russas que “fizessem certas concessões e demonstrassem flexibilidade”.

(Atualizada às 19h24 com mais informação)