Em declarações à Lusa, Eduardo Vítor Rodrigues considerou “totalmente legítimo” anular o concurso em curso, mas “nada legítimo que os valores não sejam explicados”.
“É que pode passar a ideia de que se estava a fazer um concurso com um valor muito acima daquilo que é possível. Os valores não foram agora explicados porque não interessa explicar”, criticou o ex-autarca socialista.
Na terça-feira, em conferência de impressa, o presidente da Câmara de Gaia, Luís Filipe Menezes, eleito pela coligação PSD/CDS-PP/IL, anunciou que decidiu cancelar o contrato da recolha de resíduos sólidos urbanos descrevendo-o como “ruinoso”.
O autarca social-democrata disse ficar “espantado que ninguém fique indignado quando se lança um concurso de 510 milhões de euros, que ia custar 50 milhões de euros por ano, e que ia obrigar os gaienses a pagar, porventura, 150 ou 200 ou 250 euros por mês de resíduos”.
“Nós temos técnicos reputados do país que já analisaram este concurso e dizem que aqueles serviços que ali são encomendados não custariam mais do que 20 a 22 milhões de euros”, garantiu.
Hoje, numa publicação na rede social Facebook, Eduardo Vítor Rodrigues escreveu que o concurso avançou por imperativo legal, com a duração por 10 anos, porque o atual contrato, feito por protocolo, termina em junho de 2026.
“O valor do concurso é global, ou seja, pelo tempo total do contrato – 10 anos. O valor agora referido de 20 milhões é o valor anual, não por 10 anos. Não se pode, por isso, dizer que se faz por 20 o que custaria 500. Os 20 milhões incluem apenas os resíduos sólidos e a varredura. O contrato posto a concurso acrescentava a recolha de biorresíduos (obrigatória), a limpeza de praias e a gestão de monos”, escreveu o ex-presidente da Câmara.
À Lusa, Eduardo Vítor Rodrigues acrescentou que os valores anteriores não repercutiriam num aumento da fatura da água, e lembrou que o concurso tinha como modelo um financiamento por contrato-programa entre a Câmara e a empresa Águas de Gaia.
“E por isso é que teve que ir à reunião de Câmara e à reunião da Assembleia Municipal (…). E foi aprovado pelo PSD. Pelo Chega. Agora o PSD e o Chega mudaram de opinião. Perfeito, não tem mal nenhum. Mas digam é que mudaram de opinião. Não digam que descobriram a pólvora porque não há pólvora para descobrir”, acrescentou.