Apenas o futuro dirá como vamos viver com a Inteligência Artificial (IA). Contudo, teorias não faltam e esta chega, mais uma vez, de um dos maiores nomes da indústria automóvel e tecnológica: Elon Musk prevê que trabalhar “será como praticar desporto ou jogar videojogos ou algo do género”.
Com uma força de trabalho com milhões de robôs, a tecnologia proporcionará a produtividade ideal para que ninguém precise de trabalhar. Esta é a visão de Elon Musk, um dos nomes mais preponderantes da atualidade tecnológica.
No U.S.-Saudi Investment Forum, em Washington, na quarta-feira, o multimilionário apontou que, nos próximos 10 a 20 anos, o trabalho será opcional. De tal forma, que será como ter um hobby, como cuidar de uma horta.
A minha previsão é que o trabalho será opcional. Será como praticar desporto ou jogar um videojogo ou algo do género. Se quiser trabalhar, [é] da mesma forma que pode ir à loja e comprar alguns vegetais, ou pode cultivar vegetais no seu quintal. É muito mais difícil cultivar vegetais no seu quintal, e algumas pessoas ainda o fazem porque gostam de cultivar vegetais.
Citou a Fortune, contando que, inspirado pela série de romances de ficção científica Culture, de Iain M. Banks, na qual o autor autoproclamado socialista evoca um mundo pós-escassez repleto de seres de IA superinteligentes e sem empregos tradicionais, Musk previu que o dinheiro não será um problema.
Segundo o diretor-executivo da Tesla e da SpaceX, além de outras empresas, “nesses livros, o dinheiro não existe [e] é bastante interessante”.
E o meu palpite é que, se tu esperares tempo suficiente, supondo que haja uma melhoria contínua em IA e robótica, o que parece provável, o dinheiro deixará de ser relevante.
Anteriormente, na VivaTech 2024, Elon Musk já havia sugerido que uma “renda alta universal” poderia sustentar um mundo sem trabalho necessário, numa ideia partilhada, também, por Sam Altman, da OpenAI.
Conforme explorámos aqui, também, o antigo consultor sénior de políticas da OpenAI e chefe da equipa de preparação para a Inteligência Artificial Geral até 2024, “uma experiência de [rendimento básico universal] significativamente mais generosa do que a que foi experimentada até agora (digamos, $10 mil /mês contra $1 mil/mês) teria grandes efeitos”.
Será possível sustentar o mundo inteiro sem trabalho humano?
Segundo economistas citados pela Fortune, criar o mundo que Elon Musk descreve será um desafio. Além da questão de saber se a tecnologia para automatizar empregos estará acessível e será acessível nas próximas duas décadas, impõe-se a questão do que essas mudanças radicais no trabalho significarão para os milhões ou possivelmente biliões de pessoas sem emprego.
Para Samuel Solomon, professor assistente de economia do trabalho na Temple University, mesmo com a necessidade comprovada de um rendimento básico universal, encontrar a vontade política para concretizá-lo é uma questão diferente.
Na perspetiva do professor, ter uma estrutura política a apoiar a força de trabalho transformada será tão importante quanto a tecnológica.
Se o valor económico do trabalho diminuir de tal forma que o trabalho deixe de ser muito útil, teremos de repensar como a nossa sociedade está estruturada.
Disse Anton Korinek, professor e diretor do corpo docente da Iniciativa de Economia da IA Transformativa da Universidade da Virgínia, à mesma fonte, citando um estudo da Universidade de Harvard de 1938.
Este descobriu que os seres humanos obtêm satisfação de relacionamentos significativos e, atualmente, a maioria desses relacionamentos vem do trabalho.
Embora todos os cenários sejam hipotéticos, considerando as variáveis, é curioso conhecer a confiança que aqueles que exploram a tecnologia diariamente depositam nela, bem como o potencial que lhe reconhecem.
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