É uma Assembleia-Geral que já é histórica para o FC Porto. Sem que o clube nunca tenha expulsado qualquer sócio ao longo de uma história centenária, os sócios dos dragões decidiram este sábado expulsar Vítor Catão, Vítor Aleixo e Sandra Madureira, visados na Operação Pretoriano que mantém Fernando Madureira em prisão preventiva. Sandra Madureira, mulher do antigo líder dos Super Dragões, foi a única a marcar presença e a defender-se antes de ver a própria expulsão ser votada.

A Assembleia-Geral Ordinária do FC Porto começou por volta das 9h40 na Dragão Arena e, depois de um breve discurso de André Villas-Boas, arrancou com o primeiro ponto da ordem de trabalhos, que dizia respeito à apresentação do Relatório e Contas do exercício 2024/25, que teve um lucro de 28,3 milhões de euros. José Pereira da Costa, CFO dos dragões, também discursou, mas a ausência de Vítor Catão e Vítor Aleixo depressa precipitou as duas expulsões.

Um ano depois, quatro exclusões e uma suspensão: Fernando Madureira expulso de sócio do FC Porto

Depois de serem expulsos pelo Conselho Fiscal e Disciplinar do clube em novembro do ano passado, tanto Vítor Catão como Vítor Aleixo recorreram da decisão — e era precisamente esse recurso que seria apresentado e votado este sábado. Ora, por não terem marcado presença de forma injustificada, a aplicação das expulsões de sócios foi automaticamente aprovada e os dois só poderão agora recorrer por via judicial.

Logo a seguir, Sandra Madureira tomou a palavra e argumentou durante 20 minutos, lendo um texto que levava preparado e pedindo para que a intervenção não fosse gravada. A mulher do líder dos Super Dragões chegou à Dragão Arena por volta das 9h30, com uma camisola do FC Porto debaixo de um sobretudo, e limitou-se a a referir que irá sair “tão portista” quando entrou. Quando saiu do pavilhão, foi muito saudada por vários sócios que estavam nas imediações do Dragão e voltou a prestar declarações à comunicação social.

“Se senti o apoio dos sócios? Eu não vim para fazer esse barómetro. Eu vou dizer à saída o que disse à entrada: esta camisola que eu levo, o símbolo que eu trago no peito… Vou morrer com ele, independentemente de ser sócia ou não”, vincou Sandra Madureira, que recebeu um abraço de Nuno Pinto da Costa, neto do antigo presidente que mais tarde defendeu que existe uma “autêntica caça às bruxas” a todos os que não concordam com a atual direção. “São perseguidos. São detidos, presos, suspensos ou expulsos”, sublinhou.

O voto foi secreto, sendo que os dragões não pediram reforço policial para a Assembleia-Geral, e as urnas encerraram às 19h — mais de uma hora antes do apito inicial da receção do FC Porto ao Sintrense a contar para a Taça de Portugal. Mais de hora e meia depois, a expulsão de Sandra Madureira foi confirmada, com o clube a anunciar oficialmente que 908 sócios votaram a favor da expulsão, 710 votaram contra, 60 abstiveram-se e existiram ainda três votos nulos ou brancos. Já o Relatório e Contas foi também aprovado, com 1.341 dos 1.808 sócios que marcaram presença na Dragão Arena a votarem a favor e apenas 171 contra.

Por resolver, porém, vai ficar o caso de Fernando Madureira. O antigo líder dos Super Dragões também foi expulso pelo Conselho Fiscal e Disciplinar, mas não vai marcar presença na Assembleia-Geral por estar ainda em prisão preventiva — ou seja, tendo a ausência justificada, ao contrário do que aconteceu com Vítor Catão e Vítor Aleixo. Ora, como o regulamento interno do FC Porto indica que qualquer sócio tem direito à defesa e à apresentação pessoal do respetivo recurso, algo que acontece este sábado com Sandra Madureira, a decisão sobre a expulsão de “Macaco” fica assim adiada.

“Há um direito a recurso por parte dos associados, portanto a Assembleia-Geral irá ouvir os recursos por parte dos associados relativamente à proposta da sua exclusão e a Assembleia-Geral é magna, dita as leis do que é o futuro do FC Porto e assim decidirá sobre esse tema também”, disse André Villas-Boas esta sexta-feira, sem se alongar muito sobre o tema.