O ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro, que foi colocado este sábado em prisão preventiva, assumiu às autoridades ter utilizado um ferro de soldar para manipular a pulseira electrónica por “curiosidade”.
“Eu meti o ferro quente aí. Curiosidade”, disse Bolsonaro, de acordo com um vídeo gravado por uma agente e divulgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). No vídeo é possível verificar a danificação da pulseira electrónica causada por queimaduras.
De acordo com o relatório pericial, a pulseira que estava apertada ao tornozelo do ex-Presidente com o dispositivo “não apresentava danos” estruturais, embora tenha sido necessário substituí-la por outra.
Entretanto, o juiz do STF Alexandre de Moraes deu um prazo de 24 horas à defesa de Bolsonaro para explicar o comportamento do seu cliente.
O ex-chefe de Estado, condenado em Setembro a mais 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado, foi preso preventivamente na manhã deste sábado na sua residência em Brasília, devido ao “risco de fuga” e a uma “ameaça à ordem pública”.
“Constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira [pulseira] electrónica para garantir êxito em sua fuga, facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada por seu filho”, indicou o juiz, citando a proximidade da residência de Bolsonaro a embaixadas estrangeiras.
Bolsonaro encontra-se desde as 6h30 locais (9h30 em Portugal continental) numa sala da sede da Polícia Federal em Brasília, onde contará com casa de banho privativa, televisão e ar condicionado, segundo meios de comunicação locais.
Condenado por tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro ficará sob custódia num quarto de cerca de doze metros quadrados e terá à sua disposição assistência médica 24 horas por dia devido aos seus recorrentes problemas de saúde, de acordo com a decisão do STF.
Esse espaço reservado é conhecido como “Sala de Estado” e está adaptado para acolher autoridades, bem como personalidades públicas, segundo o jornal Folha de São Paulo.
O ex-Presidente só poderá receber visitas com autorização judicial prévia e terá audiência de custódia no domingo.
Na terça-feira, o Supremo Tribunal Federal divulgou o documento que rejeita os primeiros recursos apresentados pelo ex-Presidente e que oficializa a sua condenação a 27 anos e três meses por ter sido considerado culpado, entre outros crimes, de tentativa violenta de abolição do Estado de direito democrático e golpe de Estado na sequência das eleições de 2022, que perdeu para Lula da Silva.
A decisão foi publicada no Diário da Justiça Electrónico, pelo que o prazo para os últimos recursos do antigo chefe de Estado (2019-2022) se aproxima do fim, uma vez que as defesas têm até domingo, 23 de Novembro, para apresentar recurso.