Deixados de fora da elaboração do novo plano de paz para a Ucrânia, mais de uma dezena de líderes – sobretudo europeus – mostraram preocupação com várias das 28 condições propostas por Donald Trump. Afirmam que é necessário “trabalho adicional” e que a Europa também tem de estar envolvida nas negociações, sobretudo nas que têm impacto direto na UE.

“O esboço inicial do plano de 28 pontos inclui elementos importantes que serão essenciais para uma paz justa e duradoura. Acreditamos, portanto, que o esboço é uma base que exigirá trabalho adicional”, pode ler-se na declaração que saiu da reunião à margem da Cimeira do G20, na África do Sul, assinada por pelos líderes de Alemanha, França, Itália, Polónia, Espanha, Países Baixos, Irlanda, Finlândia, Reino Unido, Canadá, Noruega e Japão.

A declaração evita a palavra “inaceitável” e não hostiliza o presidente norte-americano, mas deixa claro que vários pontos do plano não são do agrado dos europeus e outros aliados de Kiev.

Entre as principais preocupações está a exigência que prevê a limitação do exército ucraniano a 600 mil homens – atualmente são mais de 800 mil -, o ponto que oferece à Rússia a Crimeia e o controlo do Donbas e a ainda a proibição de adesão da Ucrânia à NATO.

“Somos claros quanto ao princípio de que as fronteiras não devem ser alteradas pela força. Também estamos preocupados com as limitações propostas às forças armadas da Ucrânia, que deixariam o país vulnerável a futuros ataques”, diz a declaração que é também assinada pelos presidentes do Conselho Europeu, António Costa, e da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen.

A reunião entre os 12 líderes à margem do G20 foi convocada por Costa, que quer agora discutir a Ucrânia com os 27 líderes europeus, na segunda-feira, à margem da Cimeira entre a UE e União Africana, que decorre em Luanda. “Dado que os acontecimentos se desenrolam a grande velocidade, o Presidente Costa salientou a importância de uma abordagem centrada e coordenada por parte dos países com posições semelhantes”, adiantou fonte europeia ao Expresso.

O plano de paz de Trump, tal como está, impede a adesão da Ucrânia à NATO, mas aprova a adesão do país à UE, concedendo acesso preferencial ao mercado europeu no curto prazo. As condições não foram previamente discutidas, nem com os aliados da NATO, nem com os europeus e é também por isso que a declaração à margem do G20 lembra que “os elementos relacionados com a NATO e a UE têm de ser vistos com os respetivos membros”.