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Uma nova vacina experimental contra a febre hemorrágica da Crimeia-Congo (FHCC) está dando esperança a pesquisadores e comunidades afetadas. Desenvolvida por Scott Pegan e sua equipe na Universidade da Califórnia, Riverside, ela protege rapidamente e mantém imunidade duradoura, mesmo após uma única dose.

A doença, transmitida por carrapatos e animais de criação, tem alta mortalidade — cerca de 40% dos infectados — e não possui vacinas ou tratamentos aprovados, tornando essa descoberta especialmente promissora para surtos na África, Ásia, Europa Oriental e Oriente Médio, comenta o MedicalXpress.

Carrapatos transmitem a febre hemorrágica da Crimeia-Congo, doença grave com até 40% de mortalidade e surtos na África e Ásia.Carrapatos transmitem a febre hemorrágica da Crimeia-Congo, doença grave com até 40% de mortalidade e surtos na África e Ásia. Imagem: Rickettsia rickettsii/iStockComo a vacina funciona

Diferentemente de tentativas anteriores, esta vacina não utiliza apenas proteínas externas do vírus. Ela emprega uma partícula semelhante ao vírus, porém inofensiva, capaz de estimular o sistema imunológico sem risco de infecção.

“Produzida em laboratório, essa partícula pode entrar nas células como um vírus normal, mas não possui o material genético para se replicar”, afirma Pegan.

O diferencial está no alvo da imunidade: proteínas internas, especialmente a proteína N, que normalmente fica escondida, mas se mostrou essencial para tornar a proteção eficaz.

A vacina usa uma partícula viral inofensiva e mira a proteína N para estimular imunidade rápida e duradoura.A vacina usa uma partícula viral inofensiva e mira a proteína N para estimular imunidade rápida e duradoura. Imagem: quantic69/iStock

Nos experimentos, a vacina apresentou efeitos rápidos e duradouros:

  • Anticorpos detectáveis apenas três dias após uma única dose;
  • Proteção mantida por até 18 meses (equivalente há vários anos em humanos);
  • Doses de reforço fortalecem e estabilizam a imunidade;
  • Possibilidade de adaptação da plataforma para outros vírus perigosos, como o vírus Nipah.

Ficamos impressionados ao ver anticorpos aparecerem em apenas alguns dias. A resposta rápida é um dos motivos pelos quais esta plataforma está tendo sucesso onde outras falharam.

Scott Pegan, biomédico na Universidade da Califórnia, Riverside, em nota.

A vacina contra FHCC avança para produção em larga escala, preparando os ensaios clínicos em humanos.A vacina contra FHCC avança para produção em larga escala, preparando os ensaios clínicos em humanos. Imagem: Momentum studio/ShutterstockO que vem pela frente

A equipe planeja avançar para produção em larga escala seguindo Boas Práticas de Fabricação (BPF), etapa essencial antes dos ensaios clínicos em humanos. Além disso, o modelo de vacina pode ser aplicado a outros patógenos emergentes, oferecendo um sistema flexível e promissor.

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“Ter algo que possa proteger rapidamente e por um longo período pode salvar vidas e mudar a forma como respondemos a surtos”, finaliza Pegan.

Especialistas acreditam que a vacina poderá transformar a prevenção da FHCC, especialmente em regiões de difícil acesso a múltiplas doses.