Estudo sueco com 10.200 homens revela que pressão arterial de 120/80 mm Hg aos 18 anos aumenta o risco de aterosclerose coronária na meia-idade. Investigadores defendem rastreio ativo em jovens
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Um valor de pressão arterial considerado normal, de 120/80 mm Hg, durante a adolescência, mostra uma associação com um risco aumentado de aterosclerose coronária na meia-idade. A descoberta, que resulta de uma investigação da Universidade de Linköping, na Suécia, sustenta que a pressão arterial elevada em idades jovens desempenha um papel determinante no desenvolvimento de doença arterial coronária mais tarde na vida.
A equipa, liderada por Pontus Henriksson, professor de fisiologia nutricional, e Karin Rådholm, professora de medicina geral, analisou dados de aproximadamente 10.200 homens. Estes indivíduos foram submetidos a exames médicos de recrutamento militar por volta dos 18 anos e, quase quarenta anos depois, a tomografias computorizadas coronárias de alta resolução no âmbito do amplo estudo populacional SCAPIS. As imagens permitiram avaliar com precisão a dimensão e a composição das placas de aterosclerose nas artérias do coração.
Os resultados, publicados na JAMA Cardiology, indicam uma relação dose-resposta: quanto mais elevada era a pressão arterial registada na adolescência, maior a propensão para desenvolver aterosclerose coronária décadas depois. O risco manifestou-se de forma mensurável a partir do limiar de 120/80 mm Hg, tornando-se mais evidente nos jovens que, aos 18 anos, já apresentavam valores iguais ou superiores a 140/90 mm Hg.
“O problema reside no facto de a hipertensão raramente causar sintomas. Não é algo que se sinta; por isso, se não se medir a pressão arterial, pode-se ter hipertensão sem o saber”, alerta Karin Rådholm, que também exerce como médica de família. A investigadora defende que estes dados exigem uma abordagem mais proativa por parte dos cuidados de saúde em relação aos jovens.
O estudo adquire uma relevância particular para as gerações atuais, uma vez que fatores de risco como o excesso de peso e a má condição física são hoje mais prevalentes entre os adolescentes do que há quarenta anos. “Num espaço de uma a duas gerações, a proporção de jovens com obesidade aumentou significativamente, enquanto a aptidão física diminuiu. Estes resultados são, por isso, altamente relevantes para quem é jovem hoje”, sublinha Pontus Henriksson.
A investigação, que incluiu apenas homens, não permite extrapolar conclusões para o risco em mulheres. O trabalho foi financiado por várias instituições, incluindo a Fundação Coração-Pulmão e a Fundação Knut e Alice Wallenberg.
NR/HN/AlphaGalileo
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