Cães conseguem prever convulsões com minutos de antecedência. (Foto: Getty Images via Canva) Fala Ciência
Os cães sempre impressionaram pela sensibilidade, mas a ciência vem mostrando que eles são capazes de algo ainda mais extraordinário: identificar convulsões antes que aconteçam. Essa habilidade, que antes parecia apenas relato de tutores, foi confirmada por pesquisas recentes, incluindo o estudo “The role of trained and untrained dogs in the detection and warning of seizures”, publicado em 2024 e conduzido por Grace C Luff et al.
A descoberta reforça que muitos cães conseguem captar alterações corporais extremamente sutis que antecedem uma crise epiléptica, mesmo sem receber treinamento profissional.
O que muda no corpo antes da convulsão?
De acordo com o estudo, cães conseguem perceber sinais que o ser humano não consegue detectar sozinho. Entre essas mudanças estão:
- variações mínimas no cheiro corporal
- alterações respiratórias
- mudança no equilíbrio ou postura
- tensão muscular involuntária
- padrões comportamentais diferentes do tutor
O ponto mais marcante é a percepção de compostos orgânicos voláteis (VOCs) liberados momentos antes da crise, moléculas que o olfato humano jamais identificaria. A precisão olfativa canina permite que eles reconheçam esses marcadores com antecedência suficiente para alertar a pessoa.
O que os cientistas descobriram?
Animais detectam mudanças sutis no corpo do tutor. (Foto: Getty Images via Canva) Fala Ciência
A pesquisa analisou cães treinados e não treinados convivendo com pessoas com epilepsia. Entre os resultados observados:
- cães não treinados apresentaram alertas espontâneos e surpreendentemente assertivos
- cães treinados mostraram respostas mais rápidas e consistentes
- a convivência diária aumentou muito a precisão dos alertas
- comportamentos como latir, encostar, guiar o tutor ou ficar inquieto surgiam minutos antes da crise
A conclusão central é clara: muitos cães têm predisposição natural para identificar convulsões e conseguem aprimorar essa habilidade pelo convívio.
Como esses cães ajudam na prática
O aviso antecipado pode ocorrer de segundos a vários minutos antes da crise, permitindo que o tutor:
- sente-se ou se deite para evitar quedas
- peça ajuda
- acione dispositivos de segurança
- tome medicamentos de resgate, se orientado pelo médico
Cães que passam por treinamento específico também podem:
- acionar alarmes
- buscar ajuda de terceiros
- trazer objetos importantes
- posicionar o corpo para proteger o tutor durante a crise
Isso melhora a segurança, reduz riscos e aumenta muito a autonomia de quem vive com epilepsia.
Por que esses achados são importantes?
O estudo de 2024 representa um marco, porque:
- confirma cientificamente alertas relatados por milhares de tutores
- demonstra que o olfato canino reconhece marcadores fisiológicos difíceis de identificar por métodos tradicionais
- abre portas para treinar mais cães de assistência
- pode inspirar tecnologias capazes de detectar VOCs associados a convulsões
Com isso, a pesquisa aproxima a comunidade científica de compreender exatamente quais sinais precedem as crises, e como podemos usá-los para prevenir acidentes.