Após passar uma noite na sede da Polícia Federal, Bolsonaro foi ouvido por uma juíza auxiliar, através de videoconferência. O objetivo da diligência foi apenas o de constatar a ausência de “abusos ou irregularidades”, durante a detenção e reclusão. Não foi detetada qualquer ilegalidade, pelo que a prisão preventiva foi mantida.

O ex-presidente, que foi condenado a 27 anos de prisão e estava em prisão domiciliária desde 4 de agosto, foi preso preventivamente na manhã de sábado por “risco concreto de fuga” e “ameaça à ordem pública”, após a sua pulseira eletrónica ter dado um sinal de alerta de dano.

Bolsonaro admitiu que tinha queimado a pulseira com um ferro de soldar, mas negou que o tivesse feito para fugir, como considerara o juiz de instrução, que determinou a usa prisão preventiva. E garantiu que ninguém o ajudou e que nunca chegou a tirar a pulseira do tornozelo.

“Alucinado” e “certa paranoia”

Perante a juíza auxiliar, explicou que entrou num estado de “certa paranoia” entre sexta-feira e sábado. Estava “alucinado” e acreditava que dentro da pulseira havia um sistema de escuta. O ex-presidente justificou aquela condição com a ingestão de medicamentos prescritos por diferentes médicos, pregabalina (antiepilético) e sertralina (antidepressivo), que provocaram reações adversas.

Bolsonaro contou que começou a manipular o aparelho desde a tarde de sexta-feira até à meia-noite de sábado, quando o dispositivo lançou um alerta às autoridades brasileiras, que compareceram imediatamente para verificar o que havia acontecido. Ao admitir que tinha queimado o aparelho, foi levado sob detenção e ficou em prisão preventiva, a pedido da Polícia Federal, que alegara necessidade de manter a ordem pública.

Aquela força policial temia que a vigília organizada pelo filho de Bolsonaro para a frente do condomínio onde este cumpria a prisão domiciliária pudesse gerar um “tumulto” e “um ambiente propício à sua fuga”. Os danos causados à pulseira, no entender da Polícia Federal, reforçavam esse temor.

Sentença prestes a transitar em julgado

Recorde-se que a sentença a que Jair Bolsonaro foi condenado por “liderar” uma conspiração golpista para “se perpetuar no poder”, após perder as eleições de 2022 para Lula da Silva, deverá transitar em julgado nos próximos dias.

Quando isso suceder, o Supremo Tribunal Federal (STF) irá ordenar a execução da pena de 27 anos de prisão a que foi condenado. A defesa já pediu para que a pena seja cumprida no regime de prisão domiciliária por razões de saúde. O STF ainda não se pronunciou.