Os presidentes do Conselho Europeu, António Costa, e da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, defenderam esta segunda-feira, num artigo de opinião conjunto, que chegou a hora de uma parceria “audaciosa e virada para o futuro” entre a União Europeia (UE) e a União Africana (UA).

O artigo foi divulgado esta manhã, no dia em que ambos se reúnem em Luanda para a sétima cimeira União Europeia-União Africana.

“Estamos lado a lado, a retirar ensinamentos valiosos da história que partilhamos, e animados por novas ambições comuns resolutamente voltadas para o futuro”, escrevem os dois líderes europeus na publicação.

Lembrando que este ano se assinalam os 25 anos da parceria UE‑UA e os 50 anos da independência de Angola e de muitas outras nações africanas, Costa e von der Leyen vincam que “Europa e África estão ligadas uma à outra, num mundo em rápida mutação que exige solidariedade, inovação e um propósito comum”.


Os desafios que enfrentamos atualmente — as alterações climáticas, a transformação digital, a migração irregular, os conflitos e a insegurança — não conhecem fronteiras. A resposta a este mundo multipolar tem de ser a cooperação multipolar. E, juntas, África e Europa podem mostrar esse caminho”, defendem.


“África e Europa estão unidas na ambição”

Apontando os jovens como o “mais precioso recurso de África”, os líderes europeus pretendem criar mais empregos verdes e promover o crescimento digital de modo a aumentar as suas oportunidades. Destacam ainda os projetos e pacotes de investimento já em curso que apoiam iniciativas desde a produção de vacinas até à agricultura sustentável.

“Estamos a impulsionar o futuro de África no que toca à energia limpa”, referem, realçando uma campanha que “já mobilizou 15,5 mil milhões de euros para acelerar esta transformação” nas energias renováveis.

“No que respeita à paz e à segurança, a Europa é o aliado mais próximo da África, com mais de mil milhões de euros disponibilizados através do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz e 12 missões civis e militares a colaborarem estreitamente com os homólogos africanos para apoiar soluções lideradas pela África”, lê-se no artigo de opinião.

A colaboração na educação “é igualmente dinâmica”, consideram, apontando as dezenas de milhares de estudantes e profissionais que “têm vindo a trocar conhecimentos e experiências por meio de programas apoiados pela UE”.


“Ao olharmos para os próximos 25 anos, a mensagem que enviamos de Luanda é clara: África e Europa estão unidas na ambição, em pé de igualdade na parceria e determinadas desbloquear o potencial dos nossos cidadãos, especialmente dos nossos jovens”.


Reunião sobre Ucrânia antecede cimeira

Esta segunda e terça-feira, os líderes da UE e da UA reúnem-se em Luanda para a sétima cimeira UE-UA, centrada em “promover a paz e a prosperidade através de um multilateralismo eficaz”.


O encontro de alto nível será copresidido pelo presidente de Angola, João Lourenço, e pelo presidente do Conselho Europeu, António Costa, estando a UE ainda representada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e a UA pelo presidente da Comissão da União Africana, Mahmoud Ali Youssouf.


O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, também participa “nos trabalhos de alto nível, reforçando a posição de Portugal como país empenhado no aprofundamento das relações entre a União Europeia e o continente africano”, lê-se numa nota do Governo.


Após as discussões sobre paz, segurança, governança e migrações, será divulgada uma declaração conjunta.

À margem deste encontro, os líderes europeus reúnem-se para discutir a guerra na Ucrânia. Na rede social X, António Costa disse esta manhã ter falado com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, “para obter a sua avaliação da situação”.

“Uma posição unida e coordenada da UE é crucial para garantir um bom resultado das negociações de paz – para a Ucrânia e para a Europa”, escreveu.