Os Estados Unidos oficializaram a inclusão do Cartel de los Soles, da Venezuela, na lista de organizações terroristas internacionais, depois de uma declaração assinada a 16 de Novembro por Marco Rubio, secretário de Estado norte-americano, ter entrado em vigor esta segunda-feira, 24 de Novembro. A Administração Trump acusa Nicolas Maduro de liderar o grupo criminoso.

De acordo com o Departamento de Estado norte-americano, o Cartel dos Sóis, na tradução para português, é responsável por parte do tráfico de droga da América Latina para os Estados Unidos e Europa, em conjunto com o Tren de Aragua e o Cartel de Sinaloa.

“O Cartel dos Sóis, enquanto tal, não existe. É uma expressão jornalística criada para se referir ao envolvimento das autoridades venezuelanas no narcotráfico”, afirma Phil Gunson, investigador do International Crisis Group, em declarações à CNN.

A mesma tese é defendida por Jeremy McDermott, co-fundador do grupo de especialistas em crime organizado Insight Crime: “O Cartel dos Sóis não é uma organização tradicional de [tráfico de] droga, verticalmente organizada, mas sim uma série de células normalmente desconectadas, incorporadas nas forças militares da Venezuela.”

O termo não denomina um grupo criminoso organizado, mas sim o envolvimento isolado de membros das Forças Armadas da Venezuela no tráfico de droga e terá sido utilizado pela primeira vez em 1993 para descrever as acções de dois generais venezuelanos ligados ao narcotráfico, avançaram à CNN os peritos do Insight Crime.

A nova designação, por parte dos EUA, poderá permitir aos militares norte-americanos novos ataques a activos e infra-estruturas de Maduro na Venezuela, avançou Donald Trump, a 16 de Novembro, na mesma ocasião em que, ainda assim, entreabriu a porta a uma possível resolução diplomática.

Para o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, o novo rótulo de Maduro “traz várias novas opções para os Estados Unidos”, que têm aumentado a presença militar no Sul das Caraíbas e no Pacífico, com repetidos ataques a embarcações alegadamente envolvidas no tráfico de droga internacional.

Maduro e o Governo venezuelano têm negado qualquer envolvimento em crimes, acusando os EUA de forçarem uma mudança de regime na Venezuela, com o objectivo último de controlar as vastas reservas de petróleo do país.

Desde Agosto, a presença militar dos EUA nas Caraíbas tem-se acentuado e cerca de 10 mil soldados norte-americanos foram mobilizados no âmbito da operação Lança do Sul, que visa combater os “narcoterroristas” da América Latina.​ Um dos principais navios da Marinha dos EUA, o porta-aviões USS Gerald R. Ford, foi também posicionado junto à costa venezuelana.