O líder venezuelano, Nicolás Maduro, deixou uma mensagem para as suas bases de apoio na segunda-feira à noite. No seu programa semanal na cadeia estatal VTV, Con Maduro+, o chefe de Estado prometeu que “façam o que fizerem, não vão poder derrotar a Venezuela”. “Somos invencíveis”, sublinhou.

“Façam uma careta para um lado ou para outro, digam por aqui, digam por ali, estamos blindados para garantir o que garantimos: o sonho de Bolívar e a paz”, afirmou.

Pouco depois, e continuando a linha que tem seguido nos últimos dias – em que tem intercalado apelos à paz com apelos ao orgulho nacional e à teoria de um inimigo exterior —, voltou a insistir na paz: “Continua a ser a nossa vitória, lograda a pulso pelos nossos próprios esforços”.


A mensagem televisiva surge num contexto específico. Antecede uma mobilização nacional de militantes e simpatizantes do seu Partido Socialista Unido da Venezuela e a chegada do chefe de Estado-Maior norte-americano, Dan Caire, à vizinha Trindade e Tobago, uma semana depois dos exercícios militares conjuntos entre os dois países — ambas as coisas a acontecer esta terça-feira.

Surge, também, num clima de tensão crescente com os EUA e apenas 24 horas depois de a Casa Branca designar o Cártel de los Soles — que, acredita Washington, tem como cabecilha Maduro — como uma organização terrorista. O Departamento de Estado norte-americano diz que se trata de uma rede de narcotraficantes, e, perante esta situação, deu luz verde para que a CIA operasse no país, sem nunca descartar o uso de força militar.

O mesmo argumento tem-lhe dado justificação para atacar várias supostas narcolanchas, nas Caraíbas e no Pacífico. Desde o dia 2 de Setembro que os EUA já atacaram 21 embarcações e mataram pelo menos 83 pessoas.

Maduro não se referiu nunca ao Cártel de los Soles. Só o ministro dos Negócios Estrangeiros venezuelano, Yván Gil, reagiu ao anúncio de Washington sobre a organização, que disse ser “inexistente” e uma “mentira ridícula” para justificar uma “intervenção ilegítima” no país.

Por esta altura, várias companhias aéreas estão a evitar o espaço aéreo venezuelano. Entre elas, a TAP, a Iberia e a Air Europa, com voos cancelados para a Venezuela nos últimos dias, depois de um anúncio norte-americano ter apelado à “extrema precaução”, por possíveis interferências e segurança.