Rússia, Ucrânia e Estados Unidos retomaram as negociações esta segunda-feira, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, para tentar desbloquear um plano de paz para a Ucrânia, escrevem o Financial Times e a CNN, que apenas referem a presença de elementos de Moscovo e Washington.

Entretanto, e de acordo com a informação avançada por uma autoridade norte-americana à rede televisiva CBS News, a Ucrânia terá concordado com a proposta de Trump, havendo apenas “pequenos detalhes a ser resolvidos”. “Os ucranianos concordaram com o acordo de paz. Há alguns detalhes menores a serem resolvidos, mas eles concordaram com um acordo de paz”, adiantou a fonte, em anonimato.

É Dan Driscoll, secretário do Exército norte-americano, que está a liderar a delegação dos EUA nas conversações que prosseguem esta terça-feira, revelou um responsável em Washington à estação de televisão CNN.

Já o jornal britânico acrescenta que Driscoll se terá reunido com o chefe das secretas ucranianas e com uma delegação russa. Não se sabe quem fez parte desta delegação, tal como não se sabe se os três lados estiveram reunidos ao mesmo tempo ou se conversaram em separado.

Esta manhã o chefe de segurança nacional da Ucrânia, Rustem Umerov, revelou nas redes sociais que Zelensky poderá visitar Washington nos próximos dias para finalizar um acordo: “Esperamos organizar a visita do Presidente da Ucrânia aos EUA na data mais adequada em novembro, para concluir os últimos passos”, escreveu.

As negociações decorreram num momento marcado também por uma nova vaga de ataques cruzados. A Rússia lançou 22 mísseis e 460 drones contra território ucraniano durante a noite, provocando seis mortos e 13 feridos, segundo Zelensky. Em Kiev, um prédio ardeu no distrito de Dniprovskyi, causando duas vítimas mortais, entre elas uma mulher de 86 anos; outras quatro pessoas morreram em Svyatoshynskyi.

Do lado russo, Moscovo reportou três mortos e oito feridos num ataque ucraniano com drones, que terão causado, segundo militares ucranianos, “danos profundos” em várias infraestruturas.

Um novo plano

As reuniões seguem-se aos encontros do fim de semana entre Washington e Kiev, em Genebra, onde foi revista a proposta norte-americana inicialmente composta por 28 pontos — um documento que, na sua primeira versão, incluía concessões abrangentes à Rússia, como cedência de território, renúncia à adesão à NATO e limitações ao exército ucraniano.

Guerra na Ucrânia

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Guerra na Ucrânia

Volodymyr Zelensky confirmou que o plano foi reduzido e ajustado: “Agora há menos de 28 pontos e várias questões fundamentais foram consideradas”, afirmou, garantindo que discutirá diretamente os aspetos mais delicados com Donald Trump — apesar de a Casa Branca garantir que não está agendado qualquer encontro.

Donald Trump já tinha dito que queria que o Presidente ucraniano assinasse o acordo até 27 de novembro, Dia de Ação de Graças na América. No entanto, ainda há questões centrais para resolver entre os dois países antes que seja possível fechar o acordo.

Putin, por seu lado, admitiu que a proposta dos EUA “poderia servir de base” para um futuro entendimento, embora não esteja claro até que ponto a versão revista se mantém alinhada com as discussões anteriores entre os dois países. E, caso Kiev rejeite, Moscovo ameaçou intensificar a ofensiva na frente de batalha.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, diz, contudo, que a Rússia continua “completamente aberta a negociações” e que “está interessada em alcançar os seus objetivos através de meios diplomáticos e políticos”. Peskov acrescentou também, em conferência de imprensa esta terça-feira, que a participação dos países europeus é necessárias: “é praticamente impossível discutir o sistema de segurança na Europa sem a participação dos europeus”.

Donald Trump já reconheceu que concorda com as ideias do plano

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Guerra na Ucrânia

Diplomacia europeia em videoconferência

Os chefes da diplomacia da União Europeia vão reunir-se informalmente na quarta-feira por videoconferência para debater as negociações de paz na Ucrânia. A informação foi avançada esta terça-feira à agência Lusa por fontes europeias, que indicaram que o encontro virtual acontecerá pelas 12h30 de quarta-feira (11h30 em Lisboa e 10h30 nos Açores).

O encontro informal dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE surge depois de, na segunda-feira, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, ter convidado os líderes da União para um encontro à margem da cimeira UE-União Africana, a decorrer em Luanda.

Ainda esta terça-feira haverá uma reunião de líderes da coligação de aliados da Ucrânia, na qual participará o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, e que é copresidida pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer.

Macron, que tem sido um dos líderes europeus mais vocais nesta guerra, considera há “aspetos do plano que ainda merecem ser discutidos, negociados, aprimorados”. “Queremos a paz, mas não queremos uma paz que seja uma capitulação [para a Ucrânia]”, disse o Presidente francês em declarações à rádio nacional RTL. “O que foi colocado na mesa dá-nos uma ideia do que seria aceitável para os russos. Isso significa que é o que deve ser aceite pelos ucranianos e pelos europeus? A resposta é não”, acrescentou.

Kiev acusa Moscovo de responder com terrorismo

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia acusou esta terça-feira o Presidente russo de recorrer ao terrorismo em resposta aos esforços de paz dos EUA, após o ataque durante a noite que matou pelo menos seis pessoas em Kiev e feriu mais de 10, atingindo prédios residenciais e infraestruturas energéticas.

O ministro apelou à ação conjunta da Europa, dos Estados Unidos e de todos os aliados da Ucrânia para pressionar a Rússia a depor as armas.

Notícia atualizada às 13h00