O grupo francês Naval Group, que veio mostrar recentemente a sua mais moderna fragata à Marinha e ao Estado português, está disponível para investir no Arsenal do Alfeite, em Almada, apostando simultaneamente na indústria de manutenção portuguesa. Um investimento que passaria pela criação de uma nova empresa, a ser detida conjuntamente pelo Naval Group e Arsenal do Alfeite, estaleiros navais que foram empresarializados em 2009, e que prestam o serviço de manutenção dos navios à Marinha. E que seria uma contrapartida da venda de fragatas à Marinha portuguesa.

A empresa francesa compromete-se a investir os montantes necessários, estimados em dezenas de milhões de euros, para criar um polo industrial naval no Alfeite, que está em crise há longos anos, a perder pessoal especializado e sem capacidade de resposta para as necessidades da Armada portuguesa. O Naval Group garante também que 20% do investimento em fragatas será devolvido à economia nacional ao longo da vida útil das fragatas”, lê-se num comunicado enviado ao Expresso. O presidente do grupo assumiu ter capacidade para entregar três fragatas a Portugal até 2030, enquanto vigora o financiamento europeu.

Pierre-Eric Pommellet, presidente executivo do Naval Group, no Cais de Alcântara, junto à fragata “Amiral Ronarc’h”

O investimento proposto pelo Naval Group “inclui a modernização das infraestruturas, equipamentos e capacidades industriais do Arsenal do Alfeite, permitindo operações de manutenção e atualização” tanto para as unidades navais atuais como futuras.

E o objetivo seria reforçar “as capacidades industriais navais de Portugal e o apoio a longo prazo à Marinha Portuguesa”, assegura o grupo liderado por Pierre-Eric Pommellet.

Esta nova empresa conjunta, explica o Naval Group, iria “gerir e executar todos os futuros contratos de manutenção da Marinha Portuguesa”. Defende ainda que esta iniciativa tem como missão “contribuir diretamente para a soberania de Portugal, a autonomia estratégica e a consolidação de um ecossistema industrial naval sustentável”, transformando “o Arsenal do Alfeite num centro industrial competitivo e moderno para atividades de manutenção”.

O grupo está a disputar com os italianos Fincantieri a venda de fragatas à marinha portuguesa, como o Expresso escreveu nesta edição. A aquisição de duas ou três fragatas novas custará entre €2 mil milhões e €3 mil milhões, considerando o preço pago por outros países. É o maior negócio na área da Defesa desde a decisão para comprar dois submarinos alemães por cerca de mil milhões, há 20 anos.

A parceria com o Naval criaria, diz o grupo francês, mais empregos para o Arsenal do Alfeite, mas também para outras empresas portuguesas na área da manutenção. “O Naval Group garantirá uma transferência estruturada de know-how, com base em décadas de experiência no apoio à Marinha Francesa e a inúmeras frotas internacionais”, diz a empresa. E aponta como exemplo o desenvolvimento de instalações submarinas no Brasil, onde tem investimentos.