Segundo a PJ, a investigação iniciou-se com uma queixa apresentada pela vítima e desenvolveu-se com o apoio do Comando, que não só apoiou o jovem como também colaborou, “em todo o momento”, com as autoridades.
Os episódios de violência ocorreram há cerca de dois meses, em dois momentos, separados por poucos dias, sempre ao início da noite, período em que havia menos pessoas no quartel. Nesses momentos, os detidos terão aproveitado a ausência de testemunhas para isolar o jovem bombeiro e obrigá-lo a atos de natureza sexual, incluindo a introdução de dedos no ânus e a imposição de que se masturbasse, enquanto registavam tudo em vídeo.
Libertados
Segundo apurámos, os inspetores já dispõem de uma dessas filmagens e apreenderam os telemóveis de todos os detidos, que serão agora alvo de perícias. Entre os suspeitos estarão elementos com responsabilidades na corporação, nomeadamente um chefe e um subchefe.
Levados a tribunal, ficaram todos com apresentações semanais e proibição de contactar entre si ou de falar com a vítima. Também ficaram proibidos de entrarem no quartel a não ser que haja “perigo grave e comprovado para as populações”.
Contactado pelo JN, o comandante dos Bombeiros do Fundão, José Sousa, explicou que os 11 detidos são todos operacionais, mas ressalva que “nem todos terão tido o mesmo tipo de envolvimento” nos crimes. “Tratou-se de uma praxe, mas, tal como há estudantes do Ensino Superior que se declaram antipraxe, nos bombeiros nem todos gostam de passar por este procedimento”. “Neste caso”, referiu o responsável, “o bombeiro considerou que foram ultrapassados os limites do razoável”.
José Sousa adiantou que, neste momento, não há motivo para suspender os bombeiros detidos, mas refere que já foi aberto um inquérito “para apurar o que se passou, como se passou e o nível de culpa, a existir, de cada um dos elementos”, para depois “agir em conformidade”.
Apesar de não ter sido a seu pedido, o comandante decidiu manter sem funções a vítima enquanto decorre o processo, para evitar contacto com os envolvidos.