Tony Germano, ator e dublador que atuou no teatro e no cinema, morreu na manhã desta quarta-feira (26), aos 55 anos, depois de cair da laje da residência em que estava vivendo em São Paulo. A informação foi confirmada à Folha pelo diretor Matheus Marchetti, com quem Germano colaborou em várias produções.

Ele realizava obras em um antigo imóvel dos pais quando a queda aconteceu. O artista sofreu o acidente doméstico após perder o equilíbrio enquanto supervisionava a reforma. “Sorte a minha de ter encontrado uma alma tão generosa, tão talentosa e tão cativante como Tony Germano. É um presente dos mais raros”, publicou o cineasta em seu perfil no Instagram.

“Triste de quem não pode contracenar com ele, seja nos palcos, na tela, ou na vida. Nós que pudemos ter nem que só um pouquinho do Tony em nossas vidas temos muita muita sorte”, adicionou Marchetti.

O velório do ator acontecerá nesta quinta-feira (27), às 8h, no Cemitério Bosque da Paz, em Vargem Grande Paulista, em São Paulo.

As três décadas da carreira de Germano o consagraram principalmente no teatro. Ele participou de produções como “O Fantasma da Ópera“, “Miss Saigon“, “Jekyll & Hyde – O Médico e o Monstro” e “Um Violinista no Telhado“. Sua carreira nos palcos ficou marcada especialmente por produções musicais.

No cinema, o artista explorou vários papéis voltados ao cinema de terror. Ele atuou em “Sinfonia da Necrópole“, musical de Juliana Rojas e Marco Dutra que flerta com o horror ao acompanhar a rotina de um aprendiz de coveiro, e participou de diferentes curtas-metragens e longas de Matheus Marchetti.

Os filmes de Marchetti são reconhecidos pelo uso de cores fortes, pelo desenvolvimento de alegorias a figuras como os vampiros e outros monstros clássicos, e Germano apareceu diversas vezes em sua filmografia. Ele gravou também, em 2025, uma adaptação do conto de Dorian Gray dirigida pelo cineasta, que deve ser lançada em 2027.

Ele também participou de “O Labirinto dos Garotos Perdidos”, segundo longa de Marchetti e filme exibido na programação da 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

Como dublador, ele deu voz a personagens de séries como “Nicky, Ricky, Dicky & Dawn”, da Nickelodeon, “Vai, Cachorro, Vai!”, da Netflix, e participou do coro presente na trilha sonora da versão live-action de “A Bela e a Fera“, lançada pela Disney em 2017.

Nas redes sociais, diversas páginas dedicadas a artistas homenagearam Germano. A equipe do prêmio teatral Bibi Ferreira publicou uma foto do ator e Miguel Falabella, que contracenou com ele em diferentes peças, postou uma mensagem de despedida.

“Tony Germano despede-se desse plano sob o forte aplauso de seus pares. Um profissional irretocável, um amigo querido, um ator de talento, tive o privilégio de estar a seu lado em algumas produções, como ‘Annie‘ e o ‘Homem de la Mancha‘, entre outras. Dever cumprido, querido. Um beijo no coração”, publicou Falabella.

“O Tony é um dos grandes artistas da sua geração, por mais que ele não tenha sido reconhecido como deveria. Ele passou por muitas grandes produções musicais, raramente em papéis centrais. Mas ele sempre foi uma estrela que brilhava onde quer que ele estivesse”, disse Marchetti à Folha.

“Ele é um artista completo, a pessoa mais amável do mundo e alguém que se entregava da mesma forma para todos os seus papéis, independentemente do tamanho.”

O ator morava sozinho e não deixou filhos.