O suspeito do ataque contra dois elementos da Guarda Nacional dos EUA em Washington D.C., na quarta-feira, 26 de Novembro, foi identificado como um cidadão afegão que terá entrado no país em 2021.
O caso está a assumir contornos políticos mais alargados. O Presidente norte-americano, Donald Trump, que se encontrava na Florida quando o tiroteio ocorreu, condenou o ataque, dizendo que o seu autor irá “pagar um preço muito elevado”, e deu ordem para uma revisão das entradas de todos os imigrantes afegãos nos últimos anos.
Trump descreveu o ataque como um “acto terrorista” e prometeu tudo fazer para retirar dos EUA estrangeiros “de qualquer país que não pertença” ali. “Ao mesmo tempo que estamos cheios de angústia e dor por aqueles que foram atingidos, estamos também cheios de raiva justa e determinação feroz”, afirmou o Presidente dos EUA num vídeo publicado ainda na quarta-feira.
Pouco depois, os Serviços de Cidadania e Imigração dos EUA informaram que o processo relativo aos pedidos de imigração provenientes do Afeganistão foi “parado indefinidamente enquanto se aguarda uma revisão dos protocolos de segurança e selecção”.
O suspeito, que ficou ferido durante o incidente, foi identificado pelo Departamento de Segurança Nacional como Rahmanullah Lakanwal, de 29 anos. O homem terá entrado nos EUA ao abrigo de uma iniciativa criada pela Administração de Joe Biden em 2021, na sequência da retirada norte-americana do Afeganistão, para conceder asilo a cidadãos afegãos em condições vulneráveis, sobretudo pessoas que tenham colaborado com a gestão dos EUA.
Um familiar do suspeito, citado pela NBC News, disse que Lakanwal serviu no Exército afegão durante dez anos, trabalhando com as forças norte-americanas estacionadas na região de Kandahar. O homem não tinha qualquer cadastro criminal, segundo as autoridades.
Segundo a imprensa norte-americana, o homem fez um pedido de asilo no final de 2024 e viu o processo ser aprovado em Abril, já durante o novo mandato de Trump.
O vice-presidente, J.D. Vance, também condenou o ataque e disse que o episódio mostra como a política restritiva de imigração posta em prática pela actual Administração é justificada. “Devemos redobrar os nossos esforços para deportar pessoas sem direito a estar no nosso país”, afirmou.
“Emboscada”
Foi por volta do início da tarde de quarta-feira que os dois militares da Guarda Nacional foram alvo de uma “emboscada” – o atacante apareceu de repente e disparou sobre as duas vítimas que se encontravam à porta de uma estação de metro em Washington D.C., a poucos quarteirões da Casa Branca.
Depois de uma troca de tiros, o autor dos disparos foi ferido e detido por outros membros da Guarda Nacional.
Os dois militares integravam o contingente de cerca de dois mil elementos da Guarda Nacional que foi enviado por Trump para a capital federal para conter a “emergência” de segurança causada por uma alegada explosão da criminalidade na cidade. Medidas semelhantes foram aplicadas noutras cidades governadas pelo Partido Democrata e têm sido consideradas ilegais por várias decisões judiciais.
“Este foi um ataque intencional: um indivíduo apareceu e visou estes guardas”, disse a autarca de Washington, Muriel Bowser.
Na quarta-feira, os militares chegaram a ser dados como mortos, mas a informação foi corrigida e ambos encontram-se actualmente hospitalizados em estado crítico.