“Se as tropas ucranianas abandonarem os territórios ocupados, cessaremos as hostilidades. Se não saírem, expulsá-las-emos pela força militar”, declarou Putin numa conferência de imprensa em Bishkek, no Quirguistão, onde está a realizar uma visita de Estado.

Putin não especificou se se referia apenas às regiões de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia, ou também às regiões de Kherson e Zaporizhzhia, no sul.
A Rússia reivindicou a anexação destes quatro territórios, que não controla totalmente, em setembro de 2022.

A cedência das regiões de Donetsk e Lugansk, que formam a região do Donbass, fazia parte do plano original de 28 pontos dos EUA para pôr fim à guerra na Ucrânia. O documento foi revisto após consultas com a Ucrânia e com a União Europeia e os 28 pontos foram reduzidos para 19.

Putin admite que este projeto de paz pode ser a base de futuros acordos para pôr fim ao conflito na Ucrânia.

“Em geral, concordamos que esta pode ser a base para futuros acordos”, disse Putin, acrescentando que a versão do plano discutida pelos Estados Unidos e pela Ucrânia em Genebra foi transmitida à Rússia.

Putin considera que os Estados Unidos estão a ter em conta a posição da Rússia, mas que alguns pontos ainda têm de ser discutidos.


O presidente russo afirmou ainda que considera a liderança ucraniana ilegítima e, por isso, era legalmente impossível assinar um acordo com a Ucrânia. Sendo assim, Putin salientou que é importante garantir que qualquer acordo é reconhecido pela comunidade internacional – e que a comunidade internacional reconheça os avanços russos na Ucrânia.


“Isto é um disparate”


Putin rejeitou ainda a ideia de que o enviado norte-americano, Steve Witkoff, tenha demonstrado parcialidade em relação a Moscovo nas conversações de paz sobre a Ucrânia, descrevendo-a como “absurda”.

Witkoff foi alvo de críticas esta semana após a fuga de uma gravação de uma conversa telefónica na qual aconselhava um conselheiro do Kremlin sobre como Putin deveria conduzir as conversações de paz com o presidente Donald Trump.

“Isto é um disparate”, disse Putin, descrevendo Witkoff como um cidadão norte-americano que defendeu os interesses do seu país.

Nos últimos dois dias, surgiram esperanças de uma paz na Ucrânia, quase três anos depois do início do conflito.

A Casa Branca anunciou que foram feitos “progressos enormes”, apesar de ainda existirem alguns “pontos delicados”, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também confirmou que estava disposto a avançar com o plano de paz após discussões com o seu homólogo norte-americano, Donald Trump, e aliados.

No entanto, apesar da recente onda de diplomacia e da versão otimista da Administração Trump, é difícil dizer se um acordo está realmente próximo de ser concluído. O Kremlin diz que é ainda “prematuro” falar num acordo de paz para a Ucrânia e várias fontes adiantam que Kiev e Moscovo continuam sem chegar a consenso em questões cruciais.