José Mourinho já venceu as eleições do Benfica, é o verdadeiro diretor de comunicação do clube e agora também já ganha na… Champions.

Sou e sempre fui um fã incondicional do special one e considero um privilégio para todos tê-lo de volta ao campeonato português. Marcou uma era no história do futebol mundial e, claro, é uma referência para todo e qualquer treinador. Ou não tivesse ganho já tudo o que havia para ganhar.

Também fora de campo é inigualável. Cada minuto diante dos jornalistas é precioso. Traz sempre algo de novo e tem uma capacidade ímpar para a todos nos colocar a refletir.

Privei já lá vão uns bons anos com ele, quando treinava o UD Leiria, e desde logo constatei que era completamente diferente de todos aqueles que eu conhecia. E foi aí que percebi o que significavam os mind games. Para ele a comunicação social é uma arma. Preciosa. É um mestre na comunicação e tem uma capacidade inigualável para entrar na cabeça de todos.

Foi assim que interpretei as duras críticas aos jogadores após o jogo com o Atlético, para a Taça de Portugal. Melhor aos nove jogadores que entraram de início no Restelo e que, se pudesse, teria substituído. Chamem-se eles Ivanovic, Barrenechea ou Tomás Araújo… Foi, sim, uma autêntica terapia de choque. Mourinho é assim, para ele não há meio-termo, é tudo ou nada. E os jogadores têm de reagir. Quem conseguir vai melhorar, quem não conseguir só tem uma saída, deixar a… Luz.

Mourinho não abdica de ditar as regras e quem o contrata sabe ao que vai. Rui Costa, obviamente, sabia e por isso desde o primeiro dia que lhe deu carta branca. Agora é… esperar. Pelos resultados, claro.

De resto, tudo perfeito. O presidente foi reeleito sem mácula e considero que só alcançou a votação que obteve por ter contratado Mourinho. O treinador não só foi um escudo precioso, como de imediato fez todos os benfiquistas acreditarem no sucesso imediato, mesmo os mais descrentes.

Agora, é ganhar, ganhar e… ganhar. Pelo menos até janeiro, com a ajuda de… Ivanovic, Obrador, Schjelderup, todos a quem, já se percebeu, torce o nariz, ou mesmo Samuel Dahl, contratação que o diretor-geral Mário Branco deu a entender publicamente ter sido um erro de casting.

É no campo, contudo, que têm surgido os problemas. O terceiro lugar na Liga é, logicamente, pouco, como de menos são os três pontos em cinco jogos na Champions. Quatro deles já com Mourinho. Também considero que a derrota com o Qarabag complicou e muito as contas do apuramento, mas não é «o drama da situação», como Mourinho insistiu em dizer em Amesterdão. O desaire com os azeris foi na primeira de oito jornadas, pelo que a chave da qualificação não pode estar repetidamente ancorada ao jogo de estreia.

O special one deve, sim, olhar para o passado para dizer o que disse após o jogo com o Ajax: «Deem-me o crédito de poder obviamente errar, mas também de achar que às vezes posso fazer as coisas bem.»

Tem toda a razão. E, no Benfica, considero que o crédito de Mourinho é ilimitado. Pelo menos, até final da época. Rui Costa e o treinador foram muitos inteligentes ao redigirem o contrato que permite a cada um revogá-lo feito o balanço dos… resultados.  

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