As invectivas do Presidente dos EUA, Donald Trump, nas quais reivindicava o controlo norte-americano sobre a Gronelândia, levaram o Governo dinamarquês a organizar uma “ronda da noite” para monitorizar as declarações e movimentações provenientes de Washington.
A notícia, divulgada pelo jornal Politiken e citada pelo Guardian, explica que este grupo começa a analisar as notícias com origem nos EUA às 17 horas e às 7h do dia seguinte produz um relatório para ser distribuído por todos os departamentos governamentais relevantes.
“É justo dizer que a situação na Gronelândia e a diferença horária entre a Dinamarca e os EUA foram factores bastante importantes para criar este arranjo durante a Primavera”, disse uma fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros ao Guardian.
A medida foi introduzida na sequência das frequentes declarações de Trump acerca da possibilidade de os EUA poderem vir a anexar a Gronelândia. A Casa Branca chegou a enviar uma missão diplomática ao território administrado pela Dinamarca, no final de Março, chefiada pelo vice-presidente, J.D. Vance.
Trump diz que a Gronelândia, um território inóspito no Círculo Polar Árctico, mas rico em depósitos minerais, está a ser disputada pela China e pela Rússia e tem acusado o Governo de Copenhaga de não proteger os interesses ocidentais.
A obsessão de Trump pela Gronelândia, assim como pelo Canal do Panamá cujo controlo também reivindica, desvaneceu-se nos últimos tempos, mas deixou as autoridades dinamarquesas em alerta.
Em declarações ao Guardian, o analista chefe da agência de informações dinamarquesa, Jacob Kaarsbo, disse que a ideia de que os EUA são o principal aliado da Dinamarca caiu por terra. “As alianças são construídas através de valores comuns e percepções de ameaça comuns. Trump não partilha nenhuma connosco e diria que não as partilha com a maioria dos europeus”, afirmou.