Jack White, guitarrista, cantor, compositor e produtor, é um dos nomes mais respeitados do rock contemporâneo. Como fundador do White Stripes e figura central em projetos como The Raconteurs e The Dead Weather, White sempre demonstrou enorme apreço pelo espírito rebelde e original do rock americano. Em 2005, ao comentar sobre “Fun House”, o segundo álbum dos Stooges, para sua reedição especial, ele expressou sua admiração sem reservas, chamando-o de “o maior disco de rock’n’roll já feito”.
Jack White – Mais NovidadesFoto: sintendo @ www.depositphotos.com
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Naquele texto, White compartilhou uma experiência pessoal: aos 16 anos, ao remexer em uma lixeira atrás de sua casa, encontrou o primeiro álbum dos Stooges. Essa descoberta foi transformadora, mas o verdadeiro impacto veio dois anos depois, quando ouviu “Fun House ” – que, segundo o próprio White, gravou em uma fita cassete e escutou até a fita “se desfazer”.
Mas o que torna “Fun House” tão especial? Lançado em 1970, o álbum representa o auge da coesão e intensidade dos Stooges. Ao contrário do álbum de estreia autointitulado de 1969, que a própria banda considerou insatisfatório, “Fun House” foi produzido com precisão notável, uma exceção à habitual desorganização dos músicos. Os Stooges, liderados por Iggy Pop e pelos irmãos Asheton (Ron na guitarra e Scott na bateria), decidiram controlar o processo criativo com uma determinação “quase militar”, como Paul Trynka destaca em outro texto do encarte.
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O som do álbum reflete essa mudança: bruto, intenso, caótico. A adição do saxofonista Steve MacKay trouxe uma sonoridade jazzística e selvagem, inspirada em Sun Ra e John Coltrane, mas ainda profundamente enraizada no rock. O produtor Don Gallucci, inicialmente hesitante quanto à capacidade da banda de gravar, acabou optando por uma abordagem direta e sem adornos, capturando as músicas praticamente ao vivo no estúdio.
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Cada faixa foi gravada na ordem em que aparece no álbum, uma por dia. O disco começa com a explosiva “Down on the Street”, segue com o turbilhão que é “1970” – descrita pelo guitarrista punk Brian James como “caos instantâneo” – e culmina com a catarse sonora “L.A. Blues”, registrada sob o efeito de ácido e psilocibina. Ao concluir o processo, os Stooges acreditavam que estavam prontos para conquistar o mundo. No entanto, o vício em heroína e a indiferença do mercado frustraram esse objetivo.
Passadas muitas décadas, “Fun House” é tido como um dos discos mais marcantes do rock, aclamado por artistas punk, grunge e alternativos. A opinião de Jack White não é isolada. Para quem escuta sem preconceitos, o álbum ainda soa como um soco no estômago – exatamente o que o verdadeiro rock’n’roll sempre buscou transmitir.
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