A poucos dias de se assinalarem 45 anos da morte de Francisco Sá Carneiro, a memória do fundador do PSD juntou as grandes figuras do partido. Na apresentação do novo livro de Maria João Avillez, Sá Carneiro – Solidão e Poder, apareceram o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e o presidente da Assembleia da República, Aguiar Branco, mas também Aníbal Cavaco Silva, Pedro Passos Coelho e Luís Marques Mendes.

Aliás, entre o leque de candidatos presidenciais, Marques Mendes não foi o único a marcar presença. Também João Cotrim Figueiredo assistiu ao lançamento, bem como a presidente da Iniciativa Liberal, Mariana Leitão. O friso da primeira fila contava ainda com o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, e nas cadeiras espalhadas pela sala estavam ainda Manuela Ferreira Leite ou o antigo ministro das Finanças Vítor Gaspar.

Numa reedição que contou com textos dos antigos primeiros ministros do PSD — e em que Pedro Passos Coelho, nas páginas que escreveu, aconselha o partido a manter a distância face ao PS —, a apresentação esteve a cargo do antigo militante social-democrata José Miguel Júdice — agora mandatário nacional de Cotrim Figueiredo –, que deixou um recado à grande família da direita: “Cada um tem direito à sua interpretação” de Sá Carneiro e “isso é excelente”; mas o que “não é excelente é que alguém quisesse ser uma espécie de intérprete oficial, como uma espécie de Maomé deste Alá”.

O recado podia perfeitamente ser para André Ventura, que, não estando na sala, tem por hábito assumir-se como herdeiro natural de Sá Carneiro. Sem nunca o nomear, Júdice não deixou de subscrever a tese de Pedro Passos Coelho, ao defender que “é essencial criar as condições para uma real bipolarização entre o partido mais moderado à direita e o partido mais moderado à esquerda”.

No que toca a interpretações, Maria João Avillez deixou desde logo um aviso à navegação: “Não vale a pena adivinhar, nem especular sobre o que faria Sá Carneiro hoje porque nunca acertaríamos. O mundo é outro, os dados sobre a navegação são outros e até o modo de serviço na política mudou. Não se podem confundir nem os tempos, nem as circunstâncias, nem sobretudo andar com elas de trás para a frente”.

No final, Pedro Passos Coelho levantou-se, cumprimentou Luís Montenegro e Aníbal Cavaco Silva e a pergunta lançada por José Miguel Júdice ficou em aberto: “Como seria se o pensamento político de Sá Carneiro tivesse sido concretizado? O que acham?”. A resposta, essa, fica à interpretação de cada um.