O Presidente russo, Vladimir Putin, afirmou esta quinta-feira que Moscovo cessará as hostilidades com a Ucrânia caso Kiev retire as suas forças dos territórios que a Rússia anexou ilegalmente durante a guerra.

“Se as tropas ucranianas abandonarem os territórios ocupados, cessaremos as hostilidades. Se não saírem, expulsá-las-emos pela força militar”, declarou numa conferência de imprensa em Bishkek, capital do Quirguistão, onde está a realizar uma visita de Estado.

O líder da Rússia voltou a afirmar que o reconhecimento da Crimeia e da região do Donbass como territórios russos constitui “um dos pontos-chave” para Moscovo nas negociações em curso, que deverão ser retomadas na próxima semana com uma nova visita do enviado especial norte-americano, Steve Witkoff, a Moscovo.

O plano de paz discutido recentemente entre representantes ucranianos e norte-americanos em Genebra “pode lançar as bases para futuros acordos”, disse Putin. “Pelo que entendi, decidiram que os 28 pontos deveriam ser divididos em quatro fases. Tudo isso nos foi comunicado”, acrescentou, voltando a criticar as autoridades ucranianas pela sua alegada falta de legitimidade.

“Assim que forem assinados acordos de paz, a lei marcial imposta por Kiev deve ser imediatamente levantada. Devem ser convocadas eleições de imediato”, afirmou, citado pela agência TASS.

Putin disse ainda que a Rússia está disposta a formalizar a sua posição de que não tem intenção de atacar países europeus, numa altura em que os aliados ocidentais de Kiev apelam ao reforço da indústria de defesa europeia.

“Se isto está a ser difundido na opinião pública, se assustaram os seus cidadãos e querem ouvir que não vamos fazer nada, que não temos planos nem intenções agressivas em relação à Europa, então muito bem: estamos dispostos a documentá-lo da forma que quiserem”, sublinhou durante a conferência de imprensa no Quirguistão.

O Presidente russo referia-se aos que alegam que “a Rússia se prepara para atacar a Europa” e que é “necessário fortalecer de imediato o potencial de defesa” europeu, acusando-os de procurarem “melhorar os seus índices de popularidade na política interna” ou até de “servirem os interesses da indústria de defesa”.

Putin acrescentou ainda que, caso os parceiros ocidentais “queiram dialogar, debater e resolver questões de segurança europeias”, Moscovo está disponível. “Estamos preparados, mas ambos sabemos que isto deve ser discutido seriamente. Cada palavra conta”, afirmou.