O número de mortos no incêndio que devastou um complexo residencial em Hong Kong subiu para 128 esta sexta-feira e cerca de 200 pessoas continuam desaparecidas.

O chefe de segurança da região administrativa especial chinesa, Chris Tang, precisou que 89 corpos resgatados não foram ainda identificados.

“Não descartamos a possibilidade de serem encontrados mais corpos quando a polícia entrar no edifício para investigações detalhadas”, disse Tang.

Dois dias após o início deste incêndio, os bombeiros de Hong Kong concluíram finalmente as operações de combate ao complexo residencial, construído nos anos 80, composto por oito torres com perto de 30 andares e um total de 1.984 apartamentos, onde viviam cerca de quatro mil pessoas.

As chamas estavam “amplamente extintas” às 10h18 locais (02h18 em Lisboa), hora em que foram dadas como concluídas as operações de combate ao incêndio, segundo um porta-voz do Governo em declarações à agência France-Presse (AFP), citando os bombeiros.

Investigação em curso

O chefe de segurança de Hong Kong indicou que a investigação para determinar as causas da tragédia ainda está em curso e poderá demorar três ou quatro semanas.

“O nosso objetivo agora é garantir que a temperatura diminui no edifício e, assim que tudo for considerado seguro, a polícia irá recolher provas e conduzir uma investigação mais aprofundada”, disse Tang. O edifício em causa estava em obras para renovação e envolto em andaimes de bambu e tela verde, o que pode ter acelerado a propagação do incêndio.

Os residentes do complexo habitacional relataram com horror a rapidez com que o fogo se alastrou.





“Um dos edifícios pegou fogo e as chamas propagaram-se a outros dois blocos em menos de 15 minutos”
, disse Mui, uma mulher de 77 anos. “Aconteceu muito rápido. Só de pensar nisso, arrepio-me”.

Os bombeiros enviaram uma equipa de especialistas para o local após inúmeros relatos de que os alarmes de incêndio não tinham soado. “Verificámos que os sistemas de alarme nos oito edifícios não estavam a funcionar corretamente”, disse o chefe do corpo de bombeiros de Hong Kong, corroborando os relatos de várias testemunhas.
Três suspeitos detidos
Para além disso, a polícia anunciou a detenção de três homens suspeitos de “negligência grosseira” após a descoberta de materiais inflamáveis deixados para trás durante as obras, o que permitiu que o fogo se alastrasse rapidamente devido a ventos fortes.

O chefe do Executivo, John Lee Ka-chiu, anunciou a inspeção de todos os principais projetos de renovação da cidade. O número dois do Governo, Eric Chan, por sua vez, considerou “imperativo acelerar a transição completa para andaimes metálicos”. Os incêndios são um flagelo antigo em Hong Kong, particularmente nos bairros mais pobres. As medidas de segurança reforçadas nas últimas décadas tornaram-nos menos frequentes.

No entanto, o risco é agravado pelo facto de Hong Kong, com 7,5 milhões de habitantes, ter uma densidade populacional média superior a 7.100 pessoas por quilómetro quadrado. Este número chega a ser três vezes superior nas zonas mais urbanizadas.

Dada a dimensão limitada do território, nas últimas décadas assistiu-se à construção em massa de arranha-céus, alguns com mais de 50 andares.

c/agências