PFAS atingem até golfinhos e baleias de águas profundas (Imagem: Getty Images/ Canva Pro) Fala Ciência

A poluição química dos oceanos não poupa nem mesmo os gigantes marinhos que habitam as profundezas. Novas análises mostraram que golfinhos e baleias apresentam níveis alarmantes de PFAS, substâncias químicas persistentes conhecidas por se acumular na cadeia alimentar e causar efeitos tóxicos. Ao contrário do que se imaginava, viver em águas distantes da costa ou em grandes profundidades não protege essas espécies da contaminação global.

Entre os principais pontos do estudo publicado na Science of the Total Environment:

  • Foram analisados 127 animais de 16 espécies diferentes de cetáceos, incluindo golfinhos-nariz-de-garrafa e cachalotes;
  • O golfinho-de-hector e três espécies de baleias-bicudas tiveram seus níveis de PFAS avaliados pela primeira vez;
  • A concentração de PFAS não depende do habitat, sendo similar entre espécies costeiras e de águas profundas;
  • Fatores como idade, sexo e espécie influenciam os níveis, mas não o local de alimentação;
  • Esses poluentes representam risco à saúde reprodutiva, imunológica e endócrina dos animais.

Impactos na biodiversidade marinha

Os PFAS são conhecidos como “químicos eternos” por sua resistência à degradação ambiental. Eles se acumulam nos tecidos de organismos marinhos e podem alterar funções biológicas essenciais, como imunidade e reprodução. Descobrir que espécies de águas profundas não estão livres desse impacto evidencia a amplitude global da poluição humana e o desafio de proteger ecossistemas inteiros.

Poluentes persistentes ameaçam a saúde dos maiores mamíferos marinhos (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Fala Ciência

O estudo revela que a poluição química ultrapassa barreiras geográficas e de profundidade. Mesmo animais que passam a maior parte do tempo em alto-mar apresentam níveis semelhantes de PFAS aos de espécies costeiras, indicando que nenhum ecossistema marinho está totalmente seguro. A combinação de poluição persistente e estresse ambiental, intensificado pelas mudanças climáticas, representa uma ameaça crescente à biodiversidade oceânica.

Pesquisas pioneiras e colaborações internacionais

A análise contou com a colaboração de diversas instituições, incluindo Universidade de Wollongong, Massey University, University of Auckland, UTS e Museu Australiano, e foi a primeira a avaliar PFAS em várias espécies simultaneamente. A pesquisa demonstrou a necessidade de monitoramento sistemático, para identificar padrões de contaminação e apoiar estratégias de preservação ambiental.

Os resultados reforçam a urgência de reduzir a produção e dispersão de substâncias químicas persistentes. Além disso, entender a distribuição de PFAS nos oceanos é essencial para proteger a saúde de mamíferos marinhos, prevenir impactos em cadeias alimentares e garantir que futuros esforços de conservação sejam realmente eficazes.