A Apple revelou uma investigação inovadora que poderá transformar os seus futuros AirPods em dispositivos de monitorização cerebral. A tecnologia em questão promete analisar sinais de eletroencefalografia (EEG) diretamente a partir dos auriculares, o que abre portas a um novo leque de funcionalidades de saúde e bem-estar.
A inovação da Apple: EEG através dos auriculares
Num estudo recentemente publicado, intitulado “Aprendizagem da composição relativa dos sinais de EEG utilizando pré-treino de deslocamento relativo por pares”, a gigante de Cupertino detalha um método para extrair e interpretar a atividade cerebral a partir do ouvido. A chave desta tecnologia reside na utilização de pequenos sensores e elétrodos que, integrados nos AirPods, seriam capazes de rastrear os sinais elétricos do cérebro.
A técnica, denominada Pairwise Relative Displacement (PARS), recorre a um modelo de inteligência artificial (IA) para aprender a interpretar os sinais de EEG de forma autónoma, dispensando a necessidade de anotações manuais por especialistas. Ao contrário da análise convencional, onde um neurologista tem de identificar e etiquetar cada pico e vale de um sinal de EEG, o algoritmo PARS opera de forma diferente.
Este sistema analisa dois segmentos aleatórios do sinal e tenta determinar o seu desfasamento temporal, o que lhe permite, com o tempo, descobrir padrões complexos como as fases do sono e outros estados de atividade cerebral, mesmo a partir de um conjunto de dados não classificado.
Como funcionariam os AirPods com sensores cerebrais?
Durante os testes, os investigadores da Apple demonstraram que o modelo PARS conseguiu classificar de forma fidedigna as diferentes etapas do sono. Este sucesso prova que o algoritmo é capaz de interpretar dados cerebrais com um bom nível de precisão, sem a necessidade de recorrer a equipamentos complexos como as toucas de EEG tradicionais.
A grande vantagem é que toda esta medição poderia ser realizada por elétrodos minúsculos, discretamente alojados nos AirPods.
A prova mais concreta desta intenção surgiu com um pedido de patente registado em 2023, que descreve uns auriculares equipados com um medidor de EEG. Segundo a patente, os AirPods utilizariam sensores bioelétricos integrados na sua estrutura, capazes de medir a atividade elétrica do cérebro diretamente a partir do canal auditivo.
Para assegurar a precisão dos dados, os AirPods poderiam ser equipados com múltiplos elétrodos e um chip dedicado à segmentação das medições por zonas. Posteriormente, o iPhone seria responsável por processar os dados, filtrar o ruído e enviar a informação limpa para o modelo de IA interpretar os estados cerebrais.
Esta tecnologia não se limitaria a monitorizar o sono, podendo também medir outros parâmetros de saúde como a atividade muscular, ocular ou o pulso de volume sanguíneo.
Futura tecnologia não carece de desafios
Apesar do enorme potencial, a medição de EEG a partir do ouvido enfrenta grandes limitações. A principal é que os sinais captados são consideravelmente mais fracos e suscetíveis a ruído do que os obtidos através de métodos convencionais. Para obter dados fiáveis, a Apple teria de desenhar uma superfície de contacto otimizada na estrutura dos AirPods.
Além disso, o sistema teria de ser capaz de compensar as interferências geradas por atividades quotidianas como falar, mastigar ou praticar exercício físico. Finalmente, a empresa terá o desafio de garantir a privacidade e segurança da informação, uma vez que os dados cerebrais são extremamente sensíveis e exigem uma proteção robusta.
De momento, não existem pormenores sobre quando poderemos ver uns AirPods com esta tecnologia. No entanto, a concorrência não está parada: há cerca de um ano, a empresa Aware Custom Biometric Wearables apresentou uns auriculares concebidos especificamente para medir a atividade cerebral, utilizando elétrodos e sensores posicionados estrategicamente no canal auditivo.
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