A presidente da Iniciativa Liberal, Mariana Leitão, considerou este sábado, 29 de novembro, que o Orçamento do Estado apresentado pelo Governo “provavelmente nunca teria sido sequer apresentado nestas condições” se o seu partido estivesse no poder.
À SIC Notícias, depois de participar no 6.º Encontro Nacional de Núcleos e Autarcas da IL, no Porto, acusou o executivo de não ter acolhido “propostas que podiam perfeitamente ter sido aprovadas” e de apresentar um documento “completamente distante da Iniciativa Liberal, quer no início, quer no resultado final”.
Leitão sublinhou que o orçamento “não continha a ambição” necessária para o país e “não mexe nada em termos da reforma do Estado”, acrescentando que “não resolve problema nenhum” na habitação, na saúde e noutras áreas sociais.
O tema central da entrevista, contudo, foi a greve geral marcada para 11 de dezembro. Leitão explicou que a IL agendou um debate potestativo nesse mesmo dia porque “não podemos permitir que, por conta do exercício desse direito, todos os outros direitos das pessoas fiquem postos em causa”.
Para a líder liberal, “as escolas fecham, as pessoas não conseguem trabalhar” e há crianças dependentes da ação social escolar que ficam sem refeições e apoios essenciais quando os estabelecimentos encerram.
Questionada sobre se defende limites adicionais ao direito à greve, Mariana Leitão afirmou que é necessário garantir “serviços mínimos devidamente calculados, devidamente definidos”, de forma a assegurar que direitos constitucionais não são “completamente anulados”. Criticou o Governo por limitar esse alargamento às creches, defendendo que deve abranger “outras áreas da educação, a outras escolaridades”.
A líder liberal apontou também a saúde como setor onde os serviços mínimos devem ser revistos, sobretudo devido ao peso das horas extra em serviços como o INEM. “Os serviços mínimos que estão hoje previstos aplicam-se ao funcionamento normal. Quando falamos de serviços que dependem, em grande parte, de horas extras, isto não é acautelado”, afirmou, destacando a importância de garantir continuidade em serviços essenciais.
A entrevista abordou ainda a candidatura presidencial de João Cotrim de Figueiredo. Leitão disse ter sabido da decisão “quando ele anunciou que tinha disponibilidade”, rejeitando qualquer necessidade de consulta prévia. Sobre sondagens que colocam o candidato nos 5%, respondeu que esses números lhe causam “alguma estranheza”, mas deixou claro que deseja vê-lo na segunda volta: “Quero que ele tenha a maior abrangência possível. Tenho uma convicção profunda de que ele vá à segunda volta e, ainda na segunda volta, tem boas hipóteses até de vir a ganhar.”
Mariana Leitão rejeitou também a ideia de falta de popularidade de Cotrim de Figueiredo, afirmando que o candidato “é um fenómeno nas redes sociais” e que, nas ruas, “tem uma adesão espetacular”. E não acredita que isso se limite ao digital: “Tem uma popularidade que vai muito além das redes sociais.”
A líder liberal rematou com críticas ao “voto útil”, que classificou como “algo profundamente nocivo para a democracia”, apelando a que os portugueses escolham “os projetos políticos em que acreditam”, em vez de decisões ditadas por táticas eleitorais.