A autora aborda temas como amor, sexualidade, maternidade, desejo, futuro e morte

A vida de Cheryl Glickman, quarenta e poucos anos, é pacata. Acordar, usar o mesmo copo, o mesmo garfo, comer diretamente da panela: o importante é não lavar mais louça do que o necessário. Sair de casa, calçar os sapatos, pegar o carro, dirigir até o trabalho, uma empresa de cursos de autodefesa para mulheres. Trabalhar. Voltar para a casa, onde vive sozinha. Essa rotina é, de repente, erodida por Clee, vinte e um anos, filha dos chefes de Cheryl e nova moradora do seu sofá. Duas concepções de mundo excêntricas e díspares, mas fundamentalmente comuns, então se chocam, mudando profundamente o sentido de mundo de Cheryl. A partir de experiências de raiva, resiliência, desgaste, tesão e amor – essas sensações tão humanas –, ela passa a duvidar da própria realidade e é catapultada da conjectura geral das coisas para a concretude pulsante da vida. O primeiro homem mau (Amarcord, 266 pp, R$ 69,90 – Trad.: Bruna Beber) é o romance de estreia de Miranda July e, neste livro, aqui estão os ingredientes que fazem da sua narrativa, literária e cinematográfica, bastante distintiva. Do insólito ao banal, Miranda July aborda temas como amor, sexualidade, maternidade, desejo, futuro e morte.