Koldunov / Canva

Foi há 50 anos, nem mais, nem menos, que Alex Mitchell faleceu tragicamente depois de não conseguir parar de rir durante cerca de meia hora. Tudo por causa da série de comédia da BBC, The Goodies.

O pedreiro de King’s Lynn, em Norfolk ficaria conhecido como “o homem que morreu a rir”. Acreditou-se que tinha sofrido um enfarte provocado pelo esforço da gargalhada. Pelo menos até 2012.

Nesse ano, os médicos confirmaram que, afinal, o britânico terá morrido devido a uma rara doença cardíaca hereditária. O episódio “Kung Fu Capers”, em que Bill Oddie interpretava um mestre de “Ecky Thump”, uma suposta arte marcial lancastriana que usava morcelas negras como arma, e Tim Brooke-Taylor surgia como um escocês que se defendia com uma gaita de foles, revelou-se fatal.

Mas Mitchell terá na verdade morrido devido a uma paragem cardíaca súbita causada por síndrome do intervalo QT longo, uma perturbação do ritmo cardíaco que pode ser desencadeada por esforço físico ou picos de adrenalina.

Porquê um diagnóstico tão tardio? A reavaliação do caso surgiu depois de a neta, Lisa Corke, de 23 anos, ter sido diagnosticada com a mesma condição, o que levantou suspeitas entre cardiologistas interessados no caso.

Lisa sofreu uma paragem cardíaca em casa em 2012 e chegou a estar clinicamente morta durante 55 minutos, até ser reanimada graças às manobras de reanimação cardiopulmonar realizadas pelo marido, Mick, que seguiu as instruções do serviço de emergência. Foi depois internada e foi-lhe implantado um desfibrilhador para redefinir o ritmo do coração.

No hospital, os exames revelaram que a síndrome do QT longo era hereditária pelo lado do pai, também Alex Mitchell. A mulher disse na altura à BBC, anterior “suspeita” do “crime”, ser estranho partilhar com o avô uma condição potencialmente fatal que, no caso dele, ficou para a história como uma das mortes mais insólitas já relatadas.

Emoções fortes, adrenalina ou esforço podem desencadear arritmias fatais em doentes com síndrome do QT longo. Mas, tecnicamente, o caso de Alex mostra que sim, é possível morrer a rir.

A viúva, Nessie, hoje com 86 anos, escreveu em 1975 à equipa do programa: “A minha última memória do meu marido é a olhá-lo e ouvir a sua gargalhada com o vosso programa.”


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