Fiocruz celebra parcerias de sistema que ajuda na preparação para surtos
Coordenador do Aesop, o pesquisador da Fiocruz Manoel Barral-Netto apresentou a ferramenta (foto: Peter Ilicciev)

A Fiocruz celebrou, na sexta-feira (1°/8), as parcerias que impulsionam mais uma conquista para a saúde pública brasileira, o projeto Sistema de Antecipação de Surtos (ÆSOP). O evento contou com a presença de representantes de empresas e instituições parceiras, como o Ministério da Saúde, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis), a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para o Autocuidado em Saúde (Acessa), a Umane – associação independente e sem fins lucrativos que apoia iniciativas que impactam o Sistema Único de Saúde (SUS). Também participaram os deputados federais Laura Carneiro (PSD-RJ) e Eduardo Bandeira de Mello (PSB-RJ). O ÆSOP é um projeto para a vigilância epidemiológica e apoio na identificação e produção de alertas de forma antecipada referentes à ocorrência de possíveis surtos infecciosos, como H1N1 e Covid-19.

O desenvolvimento do sistema, coordenado pelo pesquisador da Fiocruz Manoel Barral-Netto, tem sido realizado em colaboração com gestores públicos de saúde e das instituições parceiras. O ÆSOP será utilizado pelo Ministério da Saúde, com quem ficará a missão de utilização e emissão dos alertas para os gestores de saúde de vigilância municipais e dos estados. A plataforma, lançada em 2023 pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para a Saúde (Cidacs/Fiocruz), busca rastrear surtos em estágio inicial, utilizando técnicas de inteligência artificial e machine learning para integrar diferentes fontes de dados. Barral explicou que “o projeto visa antecipar e monitorar surtos de síndromes respiratórias agudas graves (SRAG) no Brasil, utilizando inteligência artificial e análise de grandes volumes de dados clínicos, ambientais e sociais. E integrando dados de saúde pública para apoiar decisões rápidas e eficazes em situações de emergência sanitária”.

O pesquisador lembrou que as síndromes respiratórias, como a Covid-19, a influenza e o vírus sincicial respiratório (VSR), estão entre as principais causas de hospitalização e mortalidade no Brasil, sobretudo em crianças e idosos. Segundo ele, o aumento expressivo do número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) nos últimos anos reforça a necessidade de vigilância ativa e resposta rápida, para evitar sobrecarga no sistema de saúde e reduzir óbitos. “Portanto, é muito importante o monitoramento contínuo, que permite identificar precocemente áreas e populações de maior risco, orientando ações preventivas e de controle”.

Barral-Netto explicou que o sistema utiliza algoritmos avançados para analisar dados de atendimentos em saúde, vendas de medicamentos, fatores climáticos e informações de redes sociais. “Assim é possível detectar anomalias e padrões que indicam o início de surtos respiratórios, emitindo alertas antecipados para gestores de saúde. A ferramenta permite a visualização geográfica dos riscos, facilitando a tomada de decisão e a alocação de recursos em tempo real”.

Ele elencou um caso de utilização da ferramenta no Amazonas, quando foi possível identificar um surto respiratório no estado, em junho e julho de 2024, por meio de um procedimento piloto. Ele também citou a observância de surtos de doenças respiratórias em Campo Grande a partir de dados de atendimentos na Atenção Primária e de venda de medicamentos, desde a Semana Epidemiológica 9 (23 de fevereiro a 1° de março de 2025). E ainda o caso do Tocantins, quando o Lacen do estado solicitou o apoio da Rede Genômica Fiocruz (membro da equipe ÆSOP de metagenômica) para investigar um surto de Síndrome Respiratória Aguda de outubro a dezembro de 2024. “A Fiocruz optou por utilizar o protocolo do ÆSOP para detectar 330 patógenos respiratórios com alta sensibilidade e custo-efetividade”.

Embora, segundo o pesquisador, o ÆSOP tenha sido acionado num estágio avançado do surto, o seu protocolo e análise permitiu caracterizar os patógenos, incluindo coinfecções viral e bacteriana. “Este caso demonstra que a abordagem metagenômica do AESOP é um recurso estratégico para uma caracterização rápida e precisa dos agentes envolvidos no surto”, comentou. Barral afirmou que haverá o monitoramento de eventos respiratórios em Belém, durante o período da COP30, com análise dos dados do ano anterior. Devido ao elevado número de visitantes na cidade (cerca de 60 mil), será importante manter um monitoramento contínuo destes dados na capital paraense antes, durante e após o evento.

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Fonte: Agência Fiocruz de Notícias (AFN).