Dormência na mão era sintoma de câncer cerebralDormência na mão era sintoma de câncer cerebralFoto: Reprodução/ND Mais

A norte americana Kelsey Stoksted, de 32 anos, viu sua vida virar de ponta cabeça após ir ao médico investigar uma simples dormência na mão e no braço esquerdo.

Assustada, ela procurou o pronto-socorro porque pensou que poderia ser um problema cardíaco. No entanto, ao chegar ao hospital, os sintomas tinham desaparecido, o que deixou tudo ainda mais confuso. Os médicos atribuíram o quadro ao estresse, mas pouco tempo depois, eles diriam para a jovem mãe que ela tinha apenas 3 anos de vida.

Kelsey recebeu betabloqueadores para reduzir a frequência cardíaca e aliviar possíveis sintomas de ansiedade. No entanto, o formigamento não só continuou como piorou.

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Quatro meses depois, ela sofreu uma convulsão generalizada, também chamada de crise tônico-clônica, que ocorre quando a atividade elétrica do cérebro é interrompida. Um problema que pode surgir tanto em tumores malignos quanto benignos.

Antes da convulsão, Kelsey notou que a dormência começou a subir pelo corpo. “Notei que o formigamento estava irradiando pela minha perna”, contou.

Kelsey Stoksted com o marido e o filhoKelsey Stoksted com o marido e o filhoFoto: Arquivo pessoal/ND Mais

No dia do episódio, ela estava ao telefone com o marido quando desmaiou. “De repente, me vi no chão. Meu marido estava gritando. Eu devo ter ficado inconsciente por uns cinco minutos”, detalhou. Quando acordou, estava desorientada.

O diagnóstico de câncer após a dormência na mão

Poucos dias depois, em 17 de agosto de 2023, os médicos realizaram uma craniotomia, cirurgia que abre parte do crânio para acessar o cérebro, e removeram quase todo o tumor que ela tinha.

O material foi enviado para biópsia, que confirmou meses depois o diagnóstico: astrocitoma grau 3, um tumor cerebral maligno que se desenvolve nas células de suporte do sistema nervoso.

Segundo os médicos, os episódios de dormência e formigamento que ela sentia eram, na verdade, pequenas convulsões causadas pela pressão do tumor no cérebro.

“Fiquei em choque. Não conseguia acreditar que isso estava acontecendo comigo. Só conseguia pensar na minha filha, que tem três anos. Não queria que ela crescesse sem mãe”, contou Kelsey.

Kelsey Stoksted com o maridoKelsey Stoksted com o maridoFoto: Arquivo pessoal/ND Mais

Inicialmente, a mulher recebeu prognóstico de apenas três a cinco anos de vida, mas o quadro mudou depois que ela iniciou o tratamento. Kelsey passou por 33 sessões de radioterapia e completou 12 ciclos de quimioterapia, encerrados em janeiro de 2025.

Exames mais aprofundados mostraram que o tumor tinha mutações do tipo IDH, consideradas menos agressivas. Isso mudou completamente o prognóstico: a expectativa de vida estimada subiu para 12 a 15 anos.

“Quando recebemos o novo prognóstico, ficamos muito felizes. Ainda é uma situação difícil, mas me sinto grata por estar aqui e ter esperança”, completou.

Sintomas comuns que podem indicar tumores

Convulsões são muito comuns em casos de tumor cerebral: estima-se que até 80% dos pacientes passem por esse tipo de crise. Durante uma convulsão tônico-clônica, a pessoa perde a consciência e o corpo passa a apresentar movimentos rápidos e involuntários.

Uma revisão estatística publicada no Arquivo de Casos Clínicos indica que os sintomas mais comuns entre pessoas com gliomas, um tipo de câncer cerebral, incluem:

  • Convulsões (37%);
  • Déficits cognitivos (36%);
  • Sonolência (35%);
  • Dificuldade para engolir (30%);
  • Dor de cabeça (27%);
  • Confusão mental (27%);
  • Dificuldade para falar (24%);
  • Fraqueza nos membros (21%).

Segundo o estudo, grande parte desses sintomas está diretamente ligada ao funcionamento do sistema nervoso central.

Os sinais costumam variar conforme o estágio da doença. Durante o diagnóstico, predominam convulsões, dores de cabeça e dificuldades cognitivas. Durante o tratamento e monitoramento, surgem com mais frequência náuseas, vômitos, sonolência, fadiga e alterações da fala.

Embora casos assim sejam raros, especialistas reforçam que sintomas persistentes, mesmo que pareçam simples, como dormência, formigamento ou dores recorrentes, merecem investigação.