A Rússia vai ficar com o controlo total do Donbas (composto pelas regiões de Donetsk e Luhansk, no leste da Ucrânia) de qualquer forma, afirmou Vladimir Putin numa entrevista divulgada esta quinta-feira, antes de uma visita a Nova Deli, capital da Índia, onde já se encontra.
A ideia é avançar avançar em direção a Kostiantynivka, Kramatorsk e Sloviansk
Anadolu
“Ou libertamos estes territórios pela força das armas, ou as tropas ucranianas abandonam estes territórios”, afirmou o Presidente russo numa entrevista ao “India Today”, segundo um vídeo exibido na televisão estatal russa e citado pela agência de notícias “Reuters”.
A Rússia reivindicou para si, já em setembro de 2022, Donetsk e Lugansk (Donbas), no leste, e Kherson e Zaporíjia, no sul. Além destes quatro territórios – dos quais apenas ocupa na totalidade Lugansk -, Moscovo anexou, em 2014, a península da Crimeia.
Putin considera que o reconhecimento legal das regiões ucranianas ocupadas como território russo, sobretudo o Donbas, é um dos elementos centrais das negociações de paz. Moscovo tem insistido na formalização das anexações como condição para avançar com um cessar-fogo na Ucrânia.
No entanto, as concessões territoriais são uma das linhas vermelhas de Kiev — e também dos aliados europeus — para aceitar um acordo de paz que seja justo para o país agredido há quase quatro anos. O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, diz que a Rússia não deve ser recompensada por uma guerra que iniciou.
De momento, cerca de 12% da região do Donbas está sob controlo ucraniano e pelo menos 100 mil pessoas vivem nas cidades de Kramatorsk, Slovyansk e outras. Segundo os dados da Reuters, a Rússia controla atualmente 19,2% da Ucrânia, incluindo a Crimeia, toda a região de Lugansk, mais de 80% de Donetsk, e cerca de 75% de Kherson e Zaporíjia.
As conversações com vista à paz continuam. O principal negociador da Ucrânia, Rustem Umerov, vai encontrar-se com o enviado especial do Presidente dos Estados Unidos para as negociações, Steve Witkoff, e o genro do chefe de Estado norte-americano, Jared Kushner. A reunião deve ocorrer ainda esta quinta-feira em Miami.
Rússia acusa Europa de minar esforços de paz
Também esta quinta-feira, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Alexander Grushko, acusou os países europeus de “minar de forma constante e deliberada” os esforços para alcançar uma solução para o conflito.
“A perspetiva de um acordo político-diplomático é vista como uma ameaça para o Ocidente”, disse o representante russo, durante um discurso perante o Conselho Ministerial da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), a decorrer em Viena, Áustria.
“A linha do Ocidente consiste em tentar preservar uma influência esmagadora não só a nível regional, mas também global”, prosseguiu. No discurso, o vice-ministro russo apontou as críticas ao Ocidente, nomeadamente aos países da União Europeia, em particular às repúblicas bálticas, mas não mencionou explicitamente os Estados Unidos.