Segundo as duas fontes relataram à agência noticiosa Associated Press (AP), a morte, ocorrida em outubro, evidencia a complexa paisagem política e de segurança no momento em que os Estados Unidos começam a trabalhar com o Presidente interino da Síria, Ahmad al-Sharaa, no combate aos remanescentes do grupo EI.
Segundo familiares, Khaled al-Masoud estava infiltrado no grupo EI há anos em nome dos insurgentes liderados por al-Sharaa e, posteriormente, do governo interino deste, criado após a queda do antigo presidente Bashar al-Assad, há um ano.
Os insurgentes de al-Sharaa eram maioritariamente islamistas, alguns com ligações à Al-Qaeal-qda, mas inimigos do grupo EI, com quem se confrontaram repetidamente ao longo da última década.
Nem responsáveis norte-americanos, nem sírios comentaram a morte de al-Masoud, sinal de que nenhuma das partes deseja que o incidente prejudique a melhoria das relações.
Semanas depois da operação de 19 de outubro, al-Sharaa visitou Washington e anunciou que a Síria iria juntar-se à coligação global contra o EI.
Ainda assim, a morte de al-Masoud poderá ser “um revés significativo” nos esforços de combate ao EI, afirmou Wassim Nasr, investigador sénior do Soufan Center, um “think tank” de Nova Iorque especializado em questões de segurança.
Al-Masoud estava infiltrado no EI nas regiões desérticas do sul da Síria, conhecidas como Badiya, uma das zonas onde os remanescentes do grupo extremista permanecem ativos, disse Nasr.
A operação que o visou resultou da “falta de coordenação entre a coligação e Damasco”, acrescentou.
No mais recente sinal de crescente cooperação, o Comando Central dos Estados Unidos afirmou no domingo que tropas norte-americanas e forças do Ministério do Interior sírio localizaram e destruíram 15 esconderijos de armas do EI no sul.
A família acredita que al-Masoud foi alvo devido a informações erradas fornecidas por membros do Exército Sírio Livre.
Al-Masoud havia trabalhado com o grupo insurgente de al-Sharaa, Hayat Tahrir al-Sham, no enclave noroeste de Idlib antes da queda de al-Assad, disse o seu primo. Depois, regressou a Dumayr e trabalhou com os serviços de segurança do governo de al-Sharaa.
Dois responsáveis de segurança sírios e um responsável político, que falaram sob condição de anonimato, confirmaram que al-Masoud tinha trabalhado com o governo provisório da Síria numa função de segurança. Dois dos responsáveis afirmaram que ele tinha trabalhado no combate ao EI.
As primeiras notícias sobre a operação diziam que um oficial do EI havia sido capturado. Mas o Comando Central dos Estados Unidos, que normalmente emite comunicados quando uma operação norte-americana mata ou captura um membro do grupo extremista na Síria, não fez nenhum anúncio.
Quando questionado sobre mais informações sobre a operação e o seu alvo, e se fora coordenada com o governo da Síria, um funcionário da defesa dos Estados Unidos disse estar “ciente” dessas notícias.
“Estamos cientes dessas notícias, mas não temos nenhuma informação a fornecer”, respondeu a fonte, que também solicitou anonimato.
Representantes dos ministérios da Defesa e do Interior da Síria e do enviado dos EUA à Síria, Tom Barrack, não quiseram comentar a situação.