A China está a reforçar a sua estratégia de guerra naval com o ‘Type 076’, um navio de assalto anfíbio de nova geração concebido para operações com drones, cuja capacidade tecnológica está a captar a atenção de analistas militares internacionais.
O conceito começou a ganhar forma em 2020, quando os primeiros rumores circularam online, coincidindo com declarações de Xi Jinping que destacavam o impacto decisivo dos drones na guerra moderna.
O ‘Type 076’ foi oficialmente revelado em dezembro, durante o lançamento no estaleiro Hudong-Zhonghua, em Xangai. Batizado Sichuan e identificado com o número 51, o navio apresenta deslocamento superior a 40 mil toneladas, duas ilhas, convés de voo integral e um sistema de catapulta eletromagnética — tecnologia que, até agora, apenas os mais recentes porta-aviões dos EUA e da China possuem.
Segundo o Ministério da Defesa chinês, trata-se de um ativo central para operações em alto-mar e para a transformação da Marinha do Exército de Libertação Popular, reforçando a capacidade de projeção de poder e resposta em cenários como o Mar do Sul da China ou o Estreito de Taiwan.
Washington acompanha evolução com atenção e identifica riscos estratégicos
O Departamento de Defesa dos EUA, rebatizado como Departamento de Guerra pela administração Trump, referiu o ‘Type 076’ no seu relatório anual, classificando-o como parte da classe “Yulan” e prevendo que o navio amplie significativamente o controlo marítimo chinês através de drones lançados por catapulta.
Analistas americanos alertam que o navio pode complicar a presença naval dos EUA em zonas disputadas. A capacidade de lançar grandes enxames de drones — combinados com mísseis de cruzeiro ou drones submarinos — é vista como um desafio às defesas dos contratorpedeiros americanos, que já foram testadas intensamente no Médio Oriente por drones do tipo Shahed.
Pequim aposta em novos sistemas não tripulados para transformar doutrinas militares
A China tem vindo a desenvolver um ecossistema de drones de ataque, vigilância e longo alcance, incluindo modelos como o GJ-11 Sharp Sword, o GJ-21 e o WZ-7 Soaring Dragon. Paralelamente, investe em plataformas dedicadas, como o ‘Zhu Hai Yun’ — descrito como um “navio-mãe de drones” — e o ‘Ju Tian’, um veículo capaz de lançar até 100 drones em simultâneo.
Enquanto isso, os EUA mantêm foco nos seus porta-aviões tradicionais e nos navios de assalto anfíbio das classes America e Wasp, concebidos sobretudo para operações de fuzileiros navais. Especialistas apontam que, ao contrário da China, Washington tem demorado a escalar o desenvolvimento de drones navais dedicados.
Testes no mar preparam o terreno para um novo equilíbrio estratégico
O ‘Type 076’ já realizou pelo menos dois ciclos de testes no mar, registados desde novembro. Além de validar o desempenho do navio, estes exercícios são vistos como um ensaio geral para um futuro em que drones lançados de plataformas navais poderão redefinir o equilíbrio militar no Indo-Pacífico.
Segundo analistas ouvidos pela ‘Newsweek’, esta nova geração de navios representa “um dos desafios mais importantes e exigentes” para a doutrina naval americana, num momento em que os drones se tornam decisivos em conflitos da Ucrânia ao Médio Oriente.