Após a invasão em grande escala da Ucrânia por parte da Rússia, Medvedev referiu-se à liderança de Kiev como “baratas a reproduzirem-se num frasco”, lembra a CNN. São frequentes as referências à possibilidade de uma terceira Guerra Mundial e ao nazismo impregnado na Ucrânia, uma retórica repetida pelo Kremlin desde 2022 (usada aliás como um das razões para o início da guerra). “A nova doutrina nuclear da Rússia significa que mísseis da NATO disparados contra o nosso país podem ser considerados um ataque do bloco à Rússia. A Rússia poderia retaliar com armas de destruição em massa contra Kiev e instalações-chave da NATO, onde quer que estejam localizadas. Isso significa a Terceira Guerra Mundial”, escreveu Medvedev em novembro de 2024 no X.

No final de maio deste ano, e ao comentar declarações de Trump sobre Putin, o ex-Presidente russo disse que só conhecia uma “uma coisa REALMENTE MÁ — a Terceira Guerra Mundial. Espero que Trump entenda isso!“.  No início do ano, Medvedev apelou à “destruição do regime neonazi de Kiev”.

Da retórica inflamada do atual vice-presidente do Conselheiro de Segurança russo fazem também parte diversos ataques a líderes ocidentais. Quando foi eleito chanceler alemão, Friedrich Merz ficou na mira de Medvedev. “Sugeriu um ataque à ponte da Crimeia. Pense duas vezes, nazi!”, escreveu no X.

No início deste ano, acusou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, de ser “viciado em drogas” e chamou-lhe o “palhaço de Kiev“, “mendigo” e “ladrão”.

Quanto ao presidente francês, Medvedev tentou menorizar Macron chamando-lhe “Micron” e garantiu que vai “desaparecer” em maio de 2027, quando terminar o atual mandato.

Referiu-se ainda ao ex-Presidente norte-americano Joe Biden como Joe The Walking Dead [Joe, o morto-vivo], — acusando-o de ter deixado um “legado sombrio” para o seu sucessor, — e chamou-lhe também Sleepy Joe [Joe, o dorminhoco], imitando a expressão utilizada antes por Donald Trump. Há cerca de um mês, Medvedev apontou baterias ao secretário-geral da NATO, escrevendo, no X, que Mark Rutte “se empanturrou de cogumelos mágicos” e aconselhando o ex-primeiro-ministro dos países Baixos a “aprender russo”, o que lhe poderá ser útil “num campo siberiano”.

[Horas depois do crime, a polícia vai encontrar o assassino de Issam Sartawi, o dirigente palestiniano morto no átrio de um hotel de Albufeira. Mas, também vai descobrir que ele não é quem diz ser. “1983: Portugal à Queima-Roupa” é a história do ano em que dois grupos terroristas internacionais atacaram em Portugal. Um comando paramilitar tomou de assalto uma embaixada em Lisboa e esta execução sumária no Algarve abalou o Médio Oriente. É narrada pela atriz Victoria Guerra, com banda sonora original dos Linda Martini. Ouça o segundo episódio no site do Observador, na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E ouça o primeiro aqui]

Medvedev já ameaçou atacar o Reino Unido — um dos países que Moscovo considera mais hostis— com mísseis hipersónicos. “A ilha chamada Grã-Bretanha provavelmente vai afundar-se nos próximos anos. Os nossos mísseis hipersónicos ajudarão, se necessário”, escreveu o ex-Presidente russo, a propósito do acordo firmado entre Londres e Kiev em setembro do ano passado.

Num discurso partilhado pelo próprio, Medvedev defendeu, em 2024, que os EUA não ganharam a Guerra Fria e que estavam, de resto, “muito perto de a perder”. “A dada altura, os EUA decidiram que tinham ganhado a Guerra Fria. Foi um grave equívoco. Os EUA não ganharam. Mais: eles estão muito perder de a perder de vez”, disse o ex-presidente russo no Fórum de São Petersburgo.

Em abril de 2022, pouco tempo depois da invasão da Ucrânia, Medvedev referiu-se a Portugal, defendendo a construção de “uma Eurásia unida de Lisboa a Vladivostok [a maior cidade do extremo oriente da Rússia]”.