Após a invasão em grande escala da Ucrânia por parte da Rússia, Medvedev referiu-se à liderança de Kiev como “baratas a reproduzirem-se num frasco”, lembra a CNN. São frequentes as referências à possibilidade de uma terceira Guerra Mundial e ao nazismo impregnado na Ucrânia, uma retórica repetida pelo Kremlin desde 2022 (usada aliás como um das razões para o início da guerra). “A nova doutrina nuclear da Rússia significa que mísseis da NATO disparados contra o nosso país podem ser considerados um ataque do bloco à Rússia. A Rússia poderia retaliar com armas de destruição em massa contra Kiev e instalações-chave da NATO, onde quer que estejam localizadas. Isso significa a Terceira Guerra Mundial”, escreveu Medvedev em novembro de 2024 no X.
No final de maio deste ano, e ao comentar declarações de Trump sobre Putin, o ex-Presidente russo disse que só conhecia uma “uma coisa REALMENTE MÁ — a Terceira Guerra Mundial. Espero que Trump entenda isso!“. No início do ano, Medvedev apelou à “destruição do regime neonazi de Kiev”.
Russia’s new nuclear doctrine means NATO missiles fired against our country could be deemed an attack by the bloc on Russia. Russia could retaliate with WMD against Kiev and key NATO facilities, wherever they’re located. That means World War III.
— Dmitry Medvedev (@MedvedevRussiaE) November 19, 2024
Da retórica inflamada do atual vice-presidente do Conselheiro de Segurança russo fazem também parte diversos ataques a líderes ocidentais. Quando foi eleito chanceler alemão, Friedrich Merz ficou na mira de Medvedev. “Sugeriu um ataque à ponte da Crimeia. Pense duas vezes, nazi!”, escreveu no X.
The Kiev clown ???? chastised Trump for everything possible. That is, the washed-up beggar & thief spat into the giver’s hand. The question is, how will Trump react?
— Dmitry Medvedev (@MedvedevRussiaE) February 15, 2025
No início deste ano, acusou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, de ser “viciado em drogas” e chamou-lhe o “palhaço de Kiev“, “mendigo” e “ladrão”.
Junkie freak zelensky said that he honestly despises the Russian people. Let the Nazi scum not doubt that the Russian people despise him with all their hearts!
— Dmitry Medvedev (@MedvedevRussiaE) January 6, 2025
Quanto ao presidente francês, Medvedev tentou menorizar Macron chamando-lhe “Micron” e garantiu que vai “desaparecer” em maio de 2027, quando terminar o atual mandato.
Russia has become, as I speak to you and for years to come, a threat to France and Europe, says Macron. Micron himself poses no big threat though. He’ll disappear forever no later than May 14, 2027. And he won’t be missed.
— Dmitry Medvedev (@MedvedevRussiaE) March 5, 2025
Referiu-se ainda ao ex-Presidente norte-americano Joe Biden como Joe The Walking Dead [Joe, o morto-vivo], — acusando-o de ter deixado um “legado sombrio” para o seu sucessor, — e chamou-lhe também Sleepy Joe [Joe, o dorminhoco], imitando a expressão utilizada antes por Donald Trump. Há cerca de um mês, Medvedev apontou baterias ao secretário-geral da NATO, escrevendo, no X, que Mark Rutte “se empanturrou de cogumelos mágicos” e aconselhando o ex-primeiro-ministro dos países Baixos a “aprender russo”, o que lhe poderá ser útil “num campo siberiano”.
[Horas depois do crime, a polícia vai encontrar o assassino de Issam Sartawi, o dirigente palestiniano morto no átrio de um hotel de Albufeira. Mas, também vai descobrir que ele não é quem diz ser. “1983: Portugal à Queima-Roupa” é a história do ano em que dois grupos terroristas internacionais atacaram em Portugal. Um comando paramilitar tomou de assalto uma embaixada em Lisboa e esta execução sumária no Algarve abalou o Médio Oriente. É narrada pela atriz Victoria Guerra, com banda sonora original dos Linda Martini. Ouça o segundo episódio no site do Observador, na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E ouça o primeiro aqui]
Medvedev já ameaçou atacar o Reino Unido — um dos países que Moscovo considera mais hostis— com mísseis hipersónicos. “A ilha chamada Grã-Bretanha provavelmente vai afundar-se nos próximos anos. Os nossos mísseis hipersónicos ajudarão, se necessário”, escreveu o ex-Presidente russo, a propósito do acordo firmado entre Londres e Kiev em setembro do ano passado.
Britain’s Foreign Secretary David Lammy has promised Ukraine 100 years of support. 1) He is lying. 2) So-called Ukraine will not last a quarter of that time. 3) The island called Britain is likely to sink in the next few years. Our hypersonic missiles will help if necessary????
— Dmitry Medvedev (@MedvedevRussiaE) September 11, 2024
Num discurso partilhado pelo próprio, Medvedev defendeu, em 2024, que os EUA não ganharam a Guerra Fria e que estavam, de resto, “muito perto de a perder”. “A dada altura, os EUA decidiram que tinham ganhado a Guerra Fria. Foi um grave equívoco. Os EUA não ganharam. Mais: eles estão muito perder de a perder de vez”, disse o ex-presidente russo no Fórum de São Petersburgo.
At the XII St. Petersburg International Legal Forum pic.twitter.com/fcNWSJhuCX
— Dmitry Medvedev (@MedvedevRussiaE) June 27, 2024
Em abril de 2022, pouco tempo depois da invasão da Ucrânia, Medvedev referiu-se a Portugal, defendendo a construção de “uma Eurásia unida de Lisboa a Vladivostok [a maior cidade do extremo oriente da Rússia]”.