O frente a frente de ontem, na CNN, entre João Cotrim Figueiredo, apoiado pela IL, e Luís Marques Mendes, que congrega o apoio de PSD e CDS, arrancou a ferro e fogo, com o social-democrata a contornar a primeira questão, sobre a greve geral, e a acusar o oponente de lhe ter dirigido uma “acusação muito séria e muito grave, não concretizada”, relacionada com as alegadas pressões de apoiantes de Mendes para que Figueiredo se retirasse da corrida a Belém, exigindo que este identificasse os implicados, sem obter resposta.

Leia também
As notas do JN ao debate Cotrim Figueiredo – Marques Mendes

“Quando é que eu o pressionei?”, “quais as pessoas que, em meu nome, o pressionaram?”, atirou Marques Mendes ao seu opositor. “Eu nunca disse que me tinha contactado, nunca falei em si”, respondeu Cotrim Figuereido, referindo depois que “apoiantes destacados”, que presumiu que fossem da candidatura do social-democrata, o pressionaram, recusando-se a identificá-los e assinalando que também o candidato Henrique Gouveia e Melo havia referido pressões. “Não o ouvi dizer nada sobre isso. É sinal que a minha candidatura é muito mais perigosa para si que a de Gouveia e Melo”, atirou. Marques Mendes lá foi insistindo na “acusação grave”, dizendo que Cotrim se comportava “como uma espécie de André Ventura envergonhado”.

Conselho de Estado

Leia também
Quem ganhou o debate entre Cotrim Figueiredo e Marques Mendes

Avançando o debate para as questões políticas e o que distingue os dois candidatos, num cenário de pulverização de votos, Cotrim lançou: “Sei que sou diferente, porque não tenho uma carreira política de 50 anos, mas tenho muita experiência noutras áreas”. Mostrando de seguida não ser a favor dos pactos que Marques Mendes tem defendido, criticando a proposta do social-democrata de incluir um jovem no Conselho de Estado (CE), e identificando-se como “o candidato que mais fala de crescimento económico”.

Marques Mendes insistiu na necessidade de “consensos” em áreas como a justiça, defendendo que o chefe de Estado “tem que ser moderado mas não mole, ser firme”, mantendo a sua proposta de inclusão de um jovem no “único órgão que junta à mesa o presidente da República, o primeiro-ministro e o líder da oposição”.

Recuperada a questão pendurada da reforma laboral, Marques Mendes considerou que “o Governo tem toda a legitimidade para a fazer”. Se Figueiredo promulgaria a versão mais recente do anteprojeto, Mendes não se pronuncia enquanto não houver “um texto final”, apelando ao “diálogo social”.